MATEMÁTICA E FAKE NEWS: REFLEXÕES DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA SOBRE O CONSUMO DE NOTÍCIAS
Palavras-chaves: Desinformação. Educação Matemática. Educação Midiática. Pós-verdade.
A matemática tradicionalmente é apresentada como um conhecimento pouco
acessível, estritamente lógico, racional e neutro, sendo constantemente
negligenciadas suas implicações políticas no âmbito escolar e social. Em um
período de pós-verdade, no qual fatos objetivos influenciam menos a opinião pública
do que apelos emocionais, grupos propagadores de desinformação, geralmente com
interesses econômicos e políticos, tentam manipular a opinião pública e deslegitimar
conhecimentos científicos já esgotados. Com muita frequência esses movimentos
propagam teorias conspiratórias intrinsicamente relacionadas com questões
quantitativas e essas ações podem impactar diretamente no bom funcionamento das
instituições democráticas. Nesse contexto, elaboramos nossa questão de pesquisa:
como a Educação Matemática pode contribuir com a Educação Midiática em uma
era de pós-verdade? Para responder esse questionamento, delimitamos como
objetivo geral analisar as principais notícias falsas que foram amplamente
disseminadas em redes sociais entre os anos de 2016 e 2021. A escolha desse
período se deu por compreender a eleição do presidente americano Donald Trump,
a saída do Reino Unido da União Europeia e o período da pandemia do SARS-CoV-
2. Por se configurar como pesquisa documental com abordagem qualitativa,
utilizaremos a teoria de Le Goff (2003) para analisar esses documentos
intencionalmente fabricados com objetivo explícito de manipular a opinião pública.
Utilizamos o Google Trends para localizar as maiores tendências de busca do termo
Fake News na internet e as identificamos com o auxílio das principais plataformas
nacionais de checagem de fatos, também conhecidas como fact-checking. Como
resultado, desenvolvemos uma série de atividades que tem como propósito permitir,
com um olhar da educação matemática crítica e midiática, contribuir com uma leitura
crítica das notícias. Por fim, ao desenvolvermos tais análises, foi pretendido
propiciar reflexões sobre democracia e a não neutralidade da ciência, em especial
da matemática, e sua intrínseca relação com os interesses de grupos organizados
na propagação de desinformação. Desta pesquisa foi possível refletir que: a
matemática não é boa, não é má e muito menos neutra e, quando trabalhada com
um olhar crítico, tem potencialidades para ser um instrumento de promoção da
democracia e formação cidadã.