Pelos meandros do Potengi: atlas GEOPOTY como objeto de ensino e aprendizagem em Geografia
Ensino de Geografia; Bacia Hidrográfica; Educação Ambiental; Atlas Escolar; Rio Potengi.
No ensino básico brasileiro, a Geografia Física, em especial o estudo das bacias hidrográficas, ainda é frequentemente abordada de forma superficial, com conteúdos generalistas e descolados da realidade local. Essa limitação compromete a articulação entre aspectos físico-naturais, sociais e culturais, reduzindo as possibilidades de compreensão crítica do espaço vivido pelos estudantes. A análise de livros didáticos e diretrizes curriculares, como a BNCC e o Referencial Curricular Potiguar, evidencia a escassez de exemplos e materiais contextualizados que aproximem o conteúdo geográfico da vivência escolar. Diante dessa lacuna, esta pesquisa propôs o desenvolvimento do atlas escolar GEOPOTY, voltado ao Ensino Médio, tendo como recorte o estuário da Bacia Hidrográfica do Rio Potengi (BHRP), em Natal/RN. O objetivo geral é produzir um recurso didático que integre informações físico-naturais, sociais e culturais da região, articulando o conceito de paisagem — compreendida como construto cultural — à prática pedagógica. A fundamentação teórica dialoga com autores como Cauquelin (2007), Reclus (2015), Cavalcanti (2010) e Bueno (2008), articulando o conceito de paisagem como construto cultural e instrumento pedagógico capaz de aproximar o conhecimento geográfico do território vivido. A metodologia adotada compreendeu três etapas: exploratória, com levantamento bibliográfico e análise documental da BNCC, currículos estaduais e livros didáticos; execução, com concepção do atlas e de um caderno de atividades integrando linguagens cartográfica, fotográfica e artística; e aplicação/experimentação em contextos escolares, por meio de atividades de mapeamento participativo e análise do engajamento e compreensão dos alunos. Até o momento, foram concluídas a fundamentação teórica, a análise dos materiais didáticos e a definição da estrutura e conteúdos do GEOPOTY, com desenvolvimento inicial de mapas, fotografias e propostas de atividades. Resultados preliminares evidenciaram que o uso de materiais contextualizados e visuais, ancorados na realidade local, favorece a aprendizagem significativa, estimula a percepção crítica sobre as interações sociedade-natureza e potencializa o protagonismo discente. O GEOPOTY tem se mostrado eficiente como mediador do ensino das bacias hidrográficas, possibilitando conexões entre conteúdos curriculares e questões socioambientais do Potengi, como poluição, uso do solo e impactos da urbanização.