CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICOQUÍMICAS E BIOATIVAS DE ÓLEOS DE SEMENTE E DE FOLHAS DE Moringa oleifera
Capacidade antioxidante. Atividade antifúngica. Citotoxicidade. Ácidos graxos.
A Moringa oleifera é uma planta amplamente reconhecida pelas suas propriedades bioativas, e destaca-se como uma fonte promissora de óleos vegetais extraídos de suas sementes e folhas, uma vez que a utilização de óleos para diversas aplicações tem se tornado cada vez mais frequente e de relevante aplicação industrial. No entanto, suas características físico-químicas, propriedades bioativas e citotoxicidade são pouco estudadas. Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi avaliar as características físico-químicas e propriedades bioativas dos óleos da semente e da folha da Moringa oleifera. Inicialmente, os óleos foram analisados por Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio (RMN 1H) e Espectroscopia no Infravermelho por Transformada de Fourrier (FTIR), seguida da determinação do perfil de ácidos graxos por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas (CG-MS) e caracterização físico-química das amostras. Os óleos foram analisados por Termogravimetria (TG) e Análise Térmica Diferencial (DTA). A citotoxicidade dos óleos foi avaliada in vitro utilizando células do ovário de hamster chinês (CHO) e células de hepatocarcinoma humano (HepG2), por meio do ensaio com brometo de 3-(4,5- dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazólio (MTT). Foram usadas diferentes frações dos óleos da semente e folha para determinar os compostos fenólicos totais (CFT) e atividades bioativas. A concentração de Compostos Fenólicos Totais (CFT) foi avaliada pelo método Folin-Ciocalteau. A atividade antioxidante foi determinada pela captura dos radicais DPPH (2,2-difenil-1 picril-hidrazil), ABTS (2,2-azinobis 3- etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico) e Atividade Antioxidante Total (CAT). A inibição de enzimas do metabolismo da glicose in vitro foram determinadas para α-amilase, α-glicosidase e amiloglicosidase. Os resultados da caracterização e dos parâmetros físico-químicos revelaram que ambos os óleos apresentam uma composição rica em ácidos graxos insaturados sendo 70,9% o óleo da semente e 70,6% para o óleo da folha, com destaque para o ácido linoleico, que representou 51,7 % no óleo da semente e 51,5% no óleo da folha. A análise de citotoxicidade revelou que tanto o óleo de semente quanto o da folha não apresentaram efeito citotóxico em células CHO- K1 e HePG2, com uma viabilidade celular superior a 70%. A fração metanólica do óleo da semente apresentou CFT de 90,92 µg EAG.g-1 e capacidade antioxidante in vitro de 16,82, 9,13 µmol TE.g-1 e 81,33 mg AA.g-1 , segundo os ensaios de DPPH, ABTS e CAT, respectivamente. Em relação ao óleo da folha, sua fração metanólica apresentou CFT de 173,18 µg EAG.g-1 e capacidade antioxidante in vitro de 19,99, 11,20 µmol TE.g-1 e 56,43 mg AA.g-1 para os mesmos ensaios. Já a fração integral de ambos os óleos mostraram menores valores de CFT e atividade antioxidante em comparação com as frações metanólicas. De acordo com a metodologia utilizada não houve inibição para as bactérias Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Enterococcus faecalis e Salmonella typhimurium, mas ambos os óleos mostraram atividade antifúngica contra Candida albicans com valores de concentração inibitória mínima (CIM) e concentração fungicida mínima (CFM) de 10 mg/mL. Por fim, as frações metanólicas, integrais e o precipitado insolúvel dos óleos apresentaram atividade de inibição de enzimas in vitro, com destaque para a fração integral. Essa fração demonstrou os maiores percentuais de inibição, atingindo 97,94 % para α-glicosidase e 95,32 % para amiloglucosidase no óleo da semente. Já para o óleo da folha, os valores observados foram 94,79 e 85,96 %, respectivamente. Portanto, os resultados obtidos mostram o potencial de ambos os óleos para aplicações na indústria de alimentos, cosméticos e farmacêutica.