DETERMINACAO DO PERFIL NUTRICIONAL DE CARNES DE ANIMAIS SILVESTRES CONSUMIDAS POR POPULACOES RIBEIRINHAS DO MEDIO SOLIMOES, AMAZONAS
Composição dos Alimentos. Ecossistema Amazônico. Animais Selvagens. Segurança Nutricional. Nutrição dos Grupos Vulneráveis.
A região amazônica é conhecida por sua rica biodiversidade e a população ribeirinha, que vive às margens dos rios e possui uma relação essencial com a floresta amazônica, tem um papel crucial no equilíbrio ecológico da região. A dieta à base de peixes e carnes de caça pode ser fundamental para a segurança alimentar dos ribeirinhos, fornecendo proteínas e outros nutrientes essenciais. Todavia, a literatura científica ainda carece de informações abrangentes sobre a composição nutricional dessas carnes, o que dificulta estudos e intervenções nutricionais neste contexto. Este estudo objetivou determinar o perfil nutricional das carnes de animais silvestres consumidas pela população ribeirinha da região do médio Solimões-AM. Para isso, amostras foram coletadas por conveniência em três reservas atendidas pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá: Reserva Flona, Reserva Amanã e Reserva Mamirauá. Totalizando 93 amostras, sendo 58 de mamíferos, 23 de aves e 12 de répteis. Os tecidos musculares foram analisados para determinação da composição centesimal seguindo a metodologia dos métodos oficiais de análise da Associação de Colaboração Analítica Oficial. O perfil de minerais foi determinado em espectrômetro de massas com plasma indutivamente acoplado. Os resultados obtidos foram submetidos a avaliação quanto à normalidade (Shapiro-Wilk). Os dados paramétricos foram submetidos à análise de variância (ANOVA) seguido de teste de Tukey, já os dados não paramétricos foram avaliados pelos testes de Kruskal-Wallis seguido do teste de Dunn com P < 0,05. A determinação de cinzas apontou 1,24 (0,46), 1,29 (0,10), 1,11 (0,22) por 100 g de carne em mamíferos, aves e répteis, respectivamente, sem diferença estatística (H(2) = 5,6672; p = 0,0588). O teor de proteínas também não diferiu entre os grupos (F(2, 22) = 1.905, p = 0.173), sendo a média por 100g de 22,46 (1,54), 23,29 (1,82), 22,28 (2,69) em mamíferos, aves e répteis, respectivamente. A determinação dos teores de lipídeos apontou 6,06 (1,83), 5,79 (1,50), 6,13 (5,28) por 100 g de carne em mamíferos, aves e répteis, respectivamente, sem diferença estatística (H(2) = 3,0085; p = 0,2222). O mineral manganês apresentou diferenças significativas entre mamíferos e aves (p.adj = 0,0324). Já o magnésio (p.adj = 0,0195), cobre (p.adj = 0,0319) e selênio (p.adj = 0,0137) entre aves e répteis. Ao compararmos as carnes de mamíferos, aves e répteis com carnes já habitualmente presentes na alimentação da população podemos deduzir a semelhança nutricional entre elas, sendo consideradas como excelente fonte nutricional. O instrumento construído com dados de composição subsidiará pesquisas na área e, também, servirá como base de futuras estratégias para promoção da segurança alimentar nutricional dessas comunidades.