Índice Inflamatório da Dieta e associação com fatores sociodemográficos e de risco cardiovascular em adultos e idosos: Estudo Brazuca Natal
Índice Inflamatório da Dieta e associação com fatores sociodemográficos e de risco cardiovascular em adultos e idosos: Estudo Brazuca Natal
Índice inflamatório da dieta; fatores de risco cardiovascular; consumo alimentar; padrão alimentar.
O índice inflamatório da dieta (IID) avalia o potencial inflamatório da alimentação, que pode estar relacionado ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DCV). O objetivo deste estudo foi analisar a associação entre o IID e os fatores sociodemográficos e de risco cardiovascular em adultos e idosos participantes do Brazilian Usual Consumption Assessment – (Brazuca) Natal. O estudo de delineamento transversal foi realizado com 411 adultos e idosos, de ambos os sexos, domiciliados na cidade de Natal/RN. O consumo alimentar foi avaliado por meio de dois recordatórios de 24 horas, utilizando o software GloboDiet®, sendo o primeiro por entrevista presencial e o segundo por inquérito telefônico. O potencial pró ou anti-inflamatório da dieta foi avaliado por meio IID. As variáveis sociodemográficas e de estilo de vida avaliadas foram: sexo, fase da vida, raça ou cor, estado civil, escolaridade, renda per capita domiciliar, tabagismo, consumo de álcool e nível de atividade física. O risco cardiovascular foi analisado considerando uma análise de cluster que incluiu as medidas de Pressão arterial sistólica (PAS) (Hg/mm), Pressão arterial diastólica (PAD) (Hg/mm), Índice de massa corporal (IMC) (kg/m2) e Perímetro da cintura (PC) (cm). A estatística incluiu análise descritiva considerando a natureza das variáveis, e as estimativas foram ponderadas considerando a Amostra Complexa. Os componentes do IID foram demonstrados por médias e seus respectivos intervalos de confiança de 95%. Para avaliar a associação entre os clusters de risco cardiovascular, o IID, as condições sociodemográficas e de estilo de vida dos participantes, foram calculadas as razões de prevalência brutas e ajustadas a partir de modelos de Regressão de Poisson, com variância robusta. Evidenciamos que a maior parte dos participantes consumiam dieta pró-inflamatória 79,6%. Os resultados da análise de cluster, resultaram em dois agrupamentos. O cluster 1 denominado cluster de maior risco cardiovascular, observou os seguintes valores dos centros em desvios-padrão: PAS (0,665), PAD (0,605), IMC (0,568), PC (0,587). Para o cluster 2, que foi denominado cluster de menor risco cardiovascular, observou-se os seguintes valores de centros em desvios-padrão: PAS (-0,580), PAD (-0,507), IMC (-0,519), PC (-0,473). Os valores da estatística pseudo F foram significativos (p<0,001) para todas as variáveis. Na análise bivariada, não foi encontrada associação com o IID, mas observou-se associação entre a fase de vida, onde as pessoas idosas tiveram uma prevalência 39% maior de pertencer ao cluster de maior risco cardiovascular, quando comparado aos adultos (RP=1,39, p=0,007). Também se observou que indivíduos com 1 a 9 anos de estudo, tem 53% maior probabilidade de pertencer ao cluster de maior risco cardiovascular (RP=1,53, p=0,018). Na análise múltipla as variáveis com valores p<0,20 foram incluídas, entretanto somente a variável escolaridade se manteve significante (p<0,05). Conclui-se que a dieta da população estudada tem um alto potencial inflamatório e que pessoas idosas e com baixa escolaridade apresentam maior prevalência de fatores de risco para DCV.