Status de vitamina D em indivíduos submetidos ao transplante renal: um estudo longitudinal.
Vitamina D; Doença renal crônica; Transplante renal; Albuminúria.
A hipovitaminose D tem sido um achado frequente em doentes renais. Nos indivíduos submetidos ao transplante renal, pode causar progressão da albuminúria, aumentando o declínio da função renal e o risco de perda de enxerto. O objetivo do estudo é avaliar o status de vitamina D nos indivíduos submetidos ao transplante renal e sua relação com os parâmetros da função renal. Trata-se de um estudo longitudinal desenvolvido com 46 transplantados renais no Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) de agosto de 2015 a janeiro de 2017. Os sujeitos foram avaliados na tempo zero, 3 e 6 meses após o transplante, sendo submetidos a avaliação antropométrica, aplicação de questionário de exposição solar, avaliações bioquímicas, incluindo 25-hidroxivitaminaD [25(OH)D] e coleta de urina para avaliar a proporção de albumina:creatinina (RAC). A taxa de filtração glomerular estimada (TFG) foi avaliada pela equação da Colaboração Epidemiológica de Doença Renal Crônica (CKD-EPI). A mediana da idade dos participantes foi de 44 anos, sendo a maioria do gênero masculino e a etnia parda. Houve predominância de indivíduos com hipovitaminose D nos três tempos estudados. De 42 indivíduos nos 6 meses pós-transplante, 19 (45,2%) apresentaram hipovitaminose D em todos os tempos estudados e 8 (19,1%) desenvolveram hipovitaminose D aos 3 meses pós-transplante. Foi possível observar que dos 27 (64,3%) indivíduos que apresentaram esse perfil, 10 (37,0%) não apresentaram melhora na TFG. Em 6 meses, o 25(OH)D se correlacionou negativamente com RAC. A RAC dos indivíduos com hipovitaminose D foi maior aos 6 meses pós-transplante (p = 0,037) e os parâmetros renais apresentaram tendência a ser mais elevados em indivíduos com hipovitaminose D. Ao final do estudo, 10 (28,3%) indivíduos apresentaram albuminúria. Houve melhora significativa nos parâmetros renais até 6 meses e as concentrações de 25 (OH)D mostraram um aumento significativo de 3 meses para os 6 meses pós- transplante. O paratorônio (PTH) teve influência negativa na TFG no tempo zero e correlacionou-se positivamente com RAC aos 6 meses pós-transplante. É possível concluir que há uma alta frequência de hipovitaminose D até 6 meses após o transplante renal, o que pode estar relacionado ao pior prognóstico da função do enxerto.