A VOZ DA PERIFERIA: UM ESTUDO DE NEOLOGISMOS EM AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA A PARTIR DE CLÁSSICOS DO FUNK
Lexicologia. Neologia. Neologismo. Letra de música. Funk. Ensino da língua materna.
Esta pesquisa tem como objetivo apresentar uma proposta de intervenção que, partindo do gênero musical funk, possa levar aos alunos o conhecimento sobre neologia e neologismos. Sabendo-se que a língua se constitui como um sistema aberto e indeterminado, é natural que haja uma renovação dos signos linguísticos, à medida em que novas palavras são criadas e palavras já existentes são ressignificadas. A palavra, seja escrita ou falada, é resultado de um processo cultural e histórico que indica transformações experimentadas pela sociedade. A escolha do tema se dá em razão da necessidade de um ensino de língua portuguesa pautado nos gêneros textuais, considerando o contexto em que os alunos estão inseridos, sendo as letras de funk um gênero bastante popular na periferia das grandes cidades. Intenta-se, com isso, desmistificar o ensino que supervaloriza a gramática normativa e demonstrar para os alunos que o processo de evolução da língua é constante e acontece em todos os espaços, inclusive, nas comunidades das quais eles fazem parte. O trabalho fundamenta-se, sobretudo, nas perspectivas de Alves (1990), Biderman (2001), Almeida e Correia (2012), Bakhtin (1981) e Marcuschi (2008). Trata-se de uma pesquisa-ação, de abordagem qualitativa, focada na relação professor/aluno. Inicialmente, será feita uma pesquisa de cunho bibliográfico que servirá de base para a aplicação da rotação por estação seguindo os estudos de Bacich e Trevisani. Mediante a aplicação de um questionário, foi possível traçar um diagnóstico inicial sobre os conhecimentos que a turma possui sobre o gênero musical funk e a partir disso desenvolver nos módulos seguintes a teoria e a prática acerca dos estudos de neologia e neologismos. Dessa forma, resta evidenciado um ensino que valoriza o repertório linguístico e sociocultural apresentado pelos discentes, bem como defende-se a tomada de consciência dos alunos enquanto agentes transformadores de sua própria língua.