A RETEXTUALIZAÇÃO COM O GÊNERO ENTREVISTA NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Ensino de Língua Portuguesa. Retextualização. Gênero entrevista. Sequência Didática
Esta pesquisa tem como foco o ensino de Língua Portuguesa nos anos finais do nível fundamental, especialmente no que concerne à relação entre oralidade e a escrita. Nesse aspecto, a reflexão realizada parte das dificuldades que os alunos apresentam para reconhecer que há momentos em que interagimos de formas mais espontâneas e, em outros, mais planejadas por meio de textos orais e escritos. Tal questão implica a observação dos usos da língua, com vistas a cumprir diferentes objetivos na vida cotidiana. Defendemos, desse modo, que as práticas da língua falada e da escrita no ensino de Língua Portuguesa em sala de aula possibilitam ao aluno o desenvolvimento de sua competência linguístico-comunicativa, ao prepará-lo para o uso da língua em diferentes situações de interação. Sendo assim, elegemos como objetivo geral desta pesquisa investigar como os alunos do 8º ano do ensino fundamental retextualizam suas produções, a partir da modalidade falada para uma versão escrita. Elegemos como objetivos específicos identificar as operações linguísticos-discursivas usadas pelos alunos no processo de retextualização da fala para a escrita e analisar as operações linguísticos-discursivas no processo de retextualização da fala para a escrita, no gênero textual entrevista, produzido pelos alunos. A metodologia deste trabalho seguiu as orientações da pesquisa-ação e de uma abordagem qualitativa para a análise dos dados coletados. Para a concretização da pesquisa-ação, desenvolvemos uma proposta de intervenção em sala de aula de Língua Portuguesa, por meio de uma sequência didática, com base na proposta de Dolz, Schnewuly e Noverraz (2004). O corpus da pesquisa constituiu-se de entrevistas coletadas oralmente e depois retextualizadas para a escrita. Tomamos como categorias de análise para esta investigação, o modelo das operações textual-discursivas na passagem do texto da modalidade oral para a escrita, conforme proposto por Marcuschi (2010), desde a retirada das marcas da oralidade até a reordenação sintática em função da norma escrita. Teoricamente, baseamo-nos em trabalhos que seguem propostas interacionais, tais como Fávero, Andrade e Aquino (2000); Leal e Gois (2012); Marcuschi (2008 e 2010); Hoffnagel(2002), Koch (2005) entre outros. Os resultados revelaram que os alunos foram capazes de retextualizar entrevistas da fala para a escrita realizando as operações textuais discursivas desde as mais simples, até as mais complexas. Esse fato comprova que as atividades didático-pedagógicas foram de grande relevância para o ensino de Língua Portuguesa, visto que contemplaram diferentes situações de interação social.