ENTRE A FORMAÇÃO E A EXPLORAÇÃO: O ESTÁGIO EM ADMINISTRAÇÃO E OS DESAFIOS DA PRECARIZAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO
Estágio; Administração; Trabalho; Precarização do Trabalho; Formação.
O presente estudo aborda a complexidade do estágio acadêmico no Brasil, especialmente na área de Administração, em que a forma ideal muitas vezes se distancia da prática cotidiana. Embora a Lei nº 11.788/2008 defina o estágio como um ato educativo supervisionado que prepara o estudante para o mercado de trabalho e atua como elo entre teoria e prática, a realidade mostra uma desarmonia entre o propósito pedagógico e sua concretização, com estágios que, ao mesmo tempo em que se apresentam como formativos, podem reproduzir práticas laborais precarizantes. A problemática central reside justamente nessa ambiguidade: o estágio é um instrumento de formação e inserção profissional, mas também pode configurar espaço de exploração, com estudantes submetidos a jornadas excessivas, atividades desvinculadas da área de estudo e remunerações inadequadas. O avanço do ensino superior e a reestruturação produtiva intensificaram tais contradições, transformando o estágio em uma forma de inserção precoce no mercado, muitas vezes em condições precárias. Apesar do crescimento das pesquisas sobre o tema, persistem lacunas, principalmente no que se refere às implicações para a formação profissional e para o mercado de trabalho, evidenciando a necessidade de aprofundamento. O objetivo geral da dissertação é analisar o estágio na formação em Administração e as relações de trabalho a ele associadas, desdobrando-se em objetivos específicos, como caracterizar a prática do estágio entre estudantes da área e identificar traços de precarização nessas relações. A questão de pesquisa que orienta o trabalho consiste em compreender de que forma o estágio, no contexto da Administração, se constitui como espaço de aprendizagem e, ao mesmo tempo, de precarização. O estudo se propõe a caracterizar a prática de estágio e identificar elementos de precarização, o que indica uma abordagem voltada à coleta e análise de dados sobre essas condições. Espera-se, assim, aprofundar a compreensão sobre o estágio, revelando suas contradições e contribuindo tanto para a literatura quanto para o debate social acerca da necessidade de garantir sua função pedagógica frente às lógicas de precarização do trabalho no capitalismo contemporâneo.