Impacto de uma estratégia educacional sobre o uso racional de oxigênio e ar comprimido hospitalares em um Hospital Universitário
Ensino; Materiais de Ensino; Hospitais de Ensino; Preceptoria.
Introdução: Há importantes lacunas no conhecimento e nas práticas relacionadas à oxigenoterapia hospitalar. A educação permanente de profissionais de saúde pode favorecer o uso racional de oxigênio, reduzir custos e melhorar a qualidade dos serviços de saúde. O modelo contemporâneo de ensino incentiva a aplicação de metodologias ativas na formação de profissionais de saúde; entretanto, ainda são escassos os estudos que investigam a aplicação dessas metodologias na temática da oxigenoterapia, especialmente em ambientes multiprofissionais. Objetivos: Avaliar o impacto de uma estratégia educacional no conhecimento e no processo de trabalho de estudantes e profissionais de saúde de um hospital universitário do Rio Grande do Norte. Método: Estudo quase experimental desenvolvido em três etapas: (1) avaliação pré-intervenção (novembro/2024), com análise documental no Wiki HUOL, aplicação de questionário eletrônico para diagnóstico da demanda de capacitação, com envolvimento de 36 profissionais e estudantes da Clínica Médica de um hospital de ensino e observação direta do processo de trabalho durante 15 dias; (2) intervenção educativa (fevereiro/2025), realizada em serviço, por meio de capacitação presencial sobre uso racional de oxigênio e ar comprimido, em nove turmas, totalizando 44 participantes, com duração aproximada de uma hora, precedida pela aplicação do questionário eletrônico de avaliação do conhecimento; e (3) avaliação pós-intervenção, conduzida imediatamente após a capacitação, com reaplicação do questionário de conhecimento e nova observação do processo de trabalho durante 15 dias, iniciada no dia seguinte à intervenção. Os dados foram analisados por estatística descritiva e inferencial, comparando-se as etapas pré e pós-intervenção. Resultados: Houve um aumento significativo no desempenho dos profissionais após a intervenção, com a média dos escores passando de 13 pontos (DP = 3,55) no pré-teste para 17,7 pontos (DP = 2,05) no pós-teste (p < 0,001). Ademais, observou-se aumento na disponibilidade de materiais escassos anteriormente, bem como a necessidade de adequações com base em evidências científicas nos protocolos institucionais sobre o tema. Conclusões: Em síntese, a intervenção educativa esteve associada à ampliação da disponibilidade de recursos essenciais e à melhoria do conhecimento sobre o tema, fatores que podem contribuir para a segurança e a adequação das práticas relacionadas à oxigenoterapia e à nebulização. Isto se deve especialmente a efetividade do método de ensino escolhido para o aprimoramento de habilidades na educação de profissões da saúde em ambientes laborais. Os dados refletem a realidade de um setor específico do hospital estudado, não sendo possível generalizá-los para todos os contextos. A homogeneização de rotinas, supervisão adequada e capacitação de profissionais de saúde de outros setores do hospital utilizando o plano de ensino, o qual é produto deste trabalho, podem ser estratégias eficazes na manutenção dos resultados alcançados. Por fim, recomenda-se a realização de estudos longitudinais para avaliar seus efeitos a longo prazo.