ELETROESTIMULAÇÃO TRANSCUTÂNEA AURICULAR DO NERVO VAGO E EXERCÍCIO FÍSICO COMO ESTRATÉGIAS DE MODULAÇÃO DA FUNÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA EM PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS
Estimulação do Nervo vago, HIV, Sistema Nervoso Autonômico, Exercício Físico, Terapia.
Pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA) podem apresentar disfunção autonômica cardíaca provocada pela ação direta do HIV no sistema nervoso central e autônomo. A Terapia antiretroviral (TARV) continua sendo a estratégia mais eficaz no controle da replicação viral do HIV. No entanto, problemas cardiovasculares têm sido associados aos efeitos colaterais da TARV. Estratégias não farmacológicas, como a eletroestimulação transcutânea auricular do nervo vago (taVNS) e o exercício físico podem funcionar como terapias alternativas importantes na modulação autonômica cardíaca. O objetivo desta tese foi investigar por meio de dois estudos experimentais e uma revisão rápida, os efeitos da taVNS e as evidências sobre o exercício físico na função autonômica cardíaca de PVHA. Foram desenvolvidos dois estudos experimentais, um ensaio clínico de prova de conceito para avaliar o efeito agudo da taVNS na atividade vagal cardíaca e um estudo cronico piloto para analisar o efeito da taVNS na recuperação da frequência cardíaca pós esforço máximo. A revisão rápida buscou sintetizar os efeitos agudos e crônicos do exercício físico na função autonômica cardíaca de PVHA. Os estudos experimentais incluíram homens vivendo com HIV/Aids submetidos a um protocolo de taVNS com duração de 30min por sessão, intensidade a 200% do limiar de percepção, frequência de 10Hz e largura de pulso de 500µs. Foram aplicados anamnese, questionários de nível de atividade física (IPAQ); avaliação antropométrica, peso e estatura, e de composição corporal por DEXA; avaliação do limiar sensorial de estimulação; escala visual analógica de dor (EVA). No estudo agudo, a atividade vagal cardíaca foi avaliada por índices de variabilidade da frequência cardíaca mediado vagalmente, incluindo a raiz quadrada média das diferenças sucessivas (rMSSD) e a porcentagem de diferenças entre intervalos normais adjacentes maiores que 50 ms (pNN50). No estudo crônico foram avaliados a frequência cardíaca de recuperação (FCR) de 60s, 120s e 300s. Também foram avaliados o volume de oxigênio máximo consumido durante teste de esforço cardiopulmonar e percepção subjetiva de esforço (PSE). No estudo agudo, não foram encontradas alterações significativas nos parâmetros de VFC entre os momentos e condições avaliadas, indicando que uma única sessão de taVNS não foi capaz de modular a atividade vagal cardíaca em PVHA. De modo semelhante, no estudo crônico, não foram observados efeitos significativos do tempo nem interação grupo × tempo para as variáveis de recuperação da frequência cardíaca nos 60, 120 e 300 segundos pós-exercício, sugerindo que quatro semanas de taVNS não promoveram alterações relevantes na modulação autonômica cardíaca dessa população. Na revisão rápida, observou-se que PVHA apresentam recuperação vagal mais lenta após esforços agudos, enquanto intervenções crônicas, sobretudo aeróbias, tendem a aumentar a modulação parassimpática refletidas em maiores valores de SDNN e FCR. Em conjunto, os resultados não confirmam efeito da taVNS sobre atividade vagal cardíaca e FCR pós-esforço máximo em PVHA. Ao mesmo tempo, a revisão sustenta que o exercício crônico, especialmente aeróbio, segue como estratégia para melhorar a modulação autonômica nessa população.