ASSOCIAÇÕES INDEPENDENTES E COMBINADAS DA CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA E DA FORÇA MUSCULAR DE MEMBROS INFERIORES COM O RISCO E A OCORRÊNCIA DE EVENTOS CARDIOVASCULARES ADVERSOS MAIORES EM PESSOAS IDOSAS
Envelhecimento, função física, risco cardiometabólico, doenças cardiovasculares.
Objetivos: Esta tese investigou as associações independentes e combinadas da aptidão cardiorrespiratória (AC) e da força muscular (FMUSC) com desfechos cardiometabólicos e cardiovasculares em pessoas idosas com idade entre 60 e 80 anos.
Métodos: A AC foi avaliada pelo teste de caminhada de seis minutos e a FMUSC foi avaliada pelo teste de sentar-levantar em 30 segundos. OS desfechos cardiometabólicos foram avaliados pelos critérios de síndrome metabólica e saúde cardiovascular ideal, ambos desenvolvidos pela American Heart Association. Os desfechos cardiovasculares denominados eventos cardiovasculares adversos maiores (ECAMs), incluíram infarto agudo do miocárdio, doença arterial coronária, cirurgia cardíaca, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral e mortalidade por todas as causas.
Resultados: No primeiro estudo (n = 360), de base transversal, demonstrou-se que níveis baixos de AC de forma independente e combinada com FMUSC, se associou a um risco cardiometabólico aumentado, refletido por maior prevalência de síndrome metabólica (RP 1,27, 95% IC 1,09 – 1,48, e RP 1,32, 95% IC 1,10 – 1,58, respectivamente) e escore de risco cardiovascular ruim (RP 1,76, 95% IC 1,25 - 2.47 e RP 1,65, 95% IC 1,19 – 2,28, respectivamente). No segundo estudo (n = 234), com delineamento longitudinal e acompanhamento médio de cinco anos, investigou-se a associação dessas capacidades físicas com a ocorrência de ECAMs (n = 30). Os resultados mostraram que baixos níveis de AC foram associados de forma independente ao maior risco de ECAMs (HR 2,56; 95% IC:1,05 – 6,24), mesmo após ajuste para FMUSC e covariáveis clínicas. Além disso, a combinação de baixa AC e FMUSC conferiu o risco mais elevado para tais eventos (HR 3,58; 95% IC:1,32 – 9,69), reforçando o valor preditivo da avaliação conjunta dessas variáveis na prática clínica. A análise de interação aditiva e multiplicativa indicou uma tendência à interação (p = 0.085), embora não estatisticamente significativa.
Conclusões: Em conjunto, os achados desta tese sustentam que a avaliação multidimensional da aptidão física, especialmente a combinação entre AC e FMUSC, pode aprimorar a estratificação de risco cardiovascular em pessoas idosas, com implicações relevantes para a prevenção e o manejo clínico nesta população.