Efeito da estimulação transcraniana por corrente contínua na artralgia crônica pós-chikungunya
Febre de Chikungunya; Dor crônica; Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua; Performance Física Funcional
Introdução: O Vírus Chikungunya (CHIKV) é um alfavírus, pertencente à família Togaviridae e causa a Febre de Chikungunya, que geralmente cursa com febre alta, dor muscular, dor articular bilateral, dor de cabeça e edema. Somente no primeiro trimestre de 2023, o Brasil relatou 174.517 possíveis casos de CHKNF. Ainda que a taxa de eventos adversos graves provenientes da CHKNF seja baixa, a taxa de indivíduos que desenvolvem a forma crônica da doença é elevada. Estima-se que mais de 52% da população infectada pelo CHIKV sofrerá com poliartralgia crônica e edemas articulares por mais de seis anos. Diante dessa conjuntura, faz-se necessário a pesquisa clínica de terapias não medicamentosas para o manejo álgico dessa população. A Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) tem surgido como uma possibilidade de manejo clínico de dores crônicas para essa população. Objetivo: Avaliar os efeitos da ETCC na dor, funcionalidade, catastrofização, cinesiofobia, qualidade de vida e qualidade de sono em indivíduos com CHKNF em sua fase crônica. Métodos: Foi realizado um ensaio clínico controlado, randomizado, triplo-cego de dois braços. Trinta voluntários foram divididos em 2 grupos (ETCC ativo e ETCC sham). A ETCC foi aplicada com montagem C3/Fp2, por 20 minutos e intensidade de 2mA por 10 dias consecutivos. Utilizou-se a Escala Visual Analógica da Dor (EVA) para avaliação do desfecho primário em todas as 4 avaliações realizadas. Para os desfechos secundários, foram utilizados os questionários SF-36, Escala de Ansiedade de Hamilton, Escala de Pensamento Catastrófico, Escala Tampa de Cinesiofobia, Health Assessment Questionnaire (HAQ), Escala de Qualidade de Sono de Pittsburgh, Weight-Bearing Lung Test, dinamometria de mão e lombar, time up and go (TUG), flexão de cotovelo e marcha estacionária. Resultados: 30 indivíduos compuseram a amostra desse trabaho. Através da ANOVA, foi observado interação significativa entre grupo e tempo para a dor (p=0,03) com interação significativa de tempo (p=0,0001). O teste do degrau de 2 minutos não mostrou interação significativa entre tempo e grupo (0,18), mas os grupos diferem significativamente no dia 10 (p=0,01), primeiro follow-up (p=0,01) e segundo follow-up (p=0,03). Houve uma melhora clínica no SF-36, mas nenhuma diferença estatisticamente significativa pôde ser demonstrada. Não houve melhora estatisticamente significativa na saúde mental e nos testes físicos. Conclusão: O tDCS pode ser uma intervenção promissora para reduzir a dor em pacientes com artralgia crônica por CHIKV, embora mais pesquisas sejam necessárias para confirmar esses achados e explorar potenciais benefícios a longo prazo.