Banca de DEFESA: RICARDO LUIZ DE MEDEIROS LIMA

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : RICARDO LUIZ DE MEDEIROS LIMA
DATA : 12/09/2025
HORA: 14:00
LOCAL: Remota - https://meet.google.com/umm-nxjf-gkj
TÍTULO:

DISFUNÇÃO VENTRICULAR ESQUERDA NA GESTAÇÃO COM DOENÇA HIPERTENSIVA DA GRAVIDEZ


PALAVRAS-CHAVES:

Doenças Hipertensivas da Gravidez; pré-eclâmpsia; disfunção ventricular; ecocardiografia; Brasil


PÁGINAS: 63
RESUMO:

As Doenças Hipertensivas da Gravidez (DHG) constituem um grupo de condições caracterizadas por elevação da pressão arterial (≥ 140/90 mmHg, aferida em pelo menos duas ocasiões com intervalo mínimo de 4 horas) que ocorrem durante a gestação, no parto ou no puerpério, podendo estar associadas ou não a proteinúria e/ou sinais de lesão de órgãos-alvo. Incluem tanto os quadros preexistentes à gestação (hipertensão crônica) quanto aqueles que se desenvolvem após o início da gravidez (hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia, eclâmpsia, pré-eclâmpsia sobreposta). São condições com impacto significativo na saúde materna e fetal. Mulheres que desenvolvem pré-eclâmpsia, assim como os filhos oriundos destas gestações, apresentam maior risco de eventos cardiovasculares futuros. A ecocardiografia transtorácica com análise do Strain Global Longitudinal (SGL) do ventrículo esquerdo (VE) tem se mostrado uma ferramenta sensível para a detecção precoce de disfunções miocárdicas, incluindo suas formas subclínicas. Este estudo teve como objetivo avaliar, por meio dessa técnica, sinais precoces de comprometimento cardiovascular em gestantes. Foi conduzido um estudo longitudinal ao longo da gestação, além de um estudo transversal no puerpério imediato, envolvendo mulheres que desenvolveram pré-eclâmpsia grave, utilizando ecocardiografia como ferramenta para avaliação da função ventricular. Entre fevereiro de 2018 e março de 2020, 107 gestantes e 20 puérperas com histórico de pré-eclâmpsia grave foram avaliadas na cidade de Natal, Rio Grande do Norte. As participantes realizaram ecocardiogramas seriados, além de coleta de dados clínicos, gestacionais e antropométricos. A função ventricular foi analisada por parâmetros convencionais e por SGL. As análises estatísticas incluíram regressão logística, correlações, análise univariada e correlação canônica. Das 107 gestantes recrutadas, 87 foram acompanhadas até o final do estudo. Quarenta (47,1%) eram primigestas, com idade entre 16 e 38 anos (média de 28,12 ± 6,35 anos). Sessenta e uma (70,1%) apresentavam sobrepeso ou obesidade (IMC >25 kg/m²), sendo 36 (41,4%) com sobrepeso, 23 (26,4%) com obesidade grau I ou II, e 2 (2,3%) com obesidade grau III. Hipertrofia ou remodelamento miocárdico foi identificado em 12 mulheres (13,8%). A fração de ejeção do VE foi inferior a 50% em 4 casos (4,6%), enquanto o SGL esteve abaixo de 18% em 6 casos (6,9%). A matriz de correlação não evidenciou associação significativa entre os parâmetros de função ventricular e outras variáveis ecocardiográficas, antropométricas, gestacionais ou clínicas. No entanto, a comparação entre o primeiro e o último ecocardiograma das mesmas gestantes revelou, por meio de análise univariada, diferenças significativas no diâmetro diastólico do VE (p=0,0133), índice de massa do VE (p=0,0034), espessura relativa das paredes do VE (p=0,0274), relação entre a amplitude das ondas E e A do Doppler pulsado Mitral (E/A mitral p=0,0009). Esses achados indicam modificações cardíacas fisiológicas induzidas por uma gestação normal. Comparando grupos de gestantes com e sem DHG, observou-se diferença significativa no IMC (p=0,0365), índice de massa do VE (IMVE, (p=0,0350) e relação E/A do fluxo mitral (p=0,0013). Puérperas com histórico de pré-eclâmpsia grave apresentaram parâmetros ecocardiográficos alterados, quando comparadas ao grupo de gestantes sem DHG, como IMVE (p=0,0185), espessura relativa das paredes do VE (ERPVE) (p=0,0007), relação E/A mitral (p=0,0072), tempo de relaxamento isovolumétrico (TRIV) do VE (p=0,0002) e SGL (p=0,0429). A análise de correlação canônica demonstrou associações moderadas entre parâmetros antropométricos e função diastólica (ρ=0,65, p<0,001), parâmetros hipertensivos e função diastólica (ρ=0,64, p<0,001), parâmetros antropométricos e hipertensivos (ρ=0,57, p<0,001), parâmetros hipertensivos e função sistólica (ρ=0,57, p<0,001). Correlações fracas foram encontradas entre parâmetros antropométricos e função sistólica (ρ=0,49, p=0,002), parâmetros antropométricos e gestacionais (ρ=0,43, p=0,003) e parâmetros hipertensivos e gestacionais (ρ=0,39, p=0,045). Esses resultados demonstram associação significativa entre IMC, IMVE e função diastólica em gestantes com DHG. Puérperas que evoluíram com pré-eclâmpsia grave apresentaram alterações relevantes em IMVE, ERPVE, relação E/A mitral, TRIV e SGL, mesmo com fração de ejeção preservada. A ecocardiografia transtorácica, com análise do SGL, foi, portanto, capaz de detectar alterações subclínicas da função sistólica do ventrículo esquerdo em mulheres com DHG grave. Esses achados reforçam a importância do acompanhamento cardiovascular tanto durante a gestação quanto no puerpério, especialmente em casos de DHG, visando à prevenção de complicações cardiovasculares materno-fetais a médio e longo prazo.


MEMBROS DA BANCA:
Externa à Instituição - GLÁUCIA MARIA MORAES OLIVEIRA - UFRJ
Externa ao Programa - 1149381 - ANA CRISTINA PINHEIRO FERNANDES DE ARAUJO - nullExterno ao Programa - 3314288 - LUIZ MURILLO LOPES DE BRITTO - nullExterna à Instituição - MARIA SANALI MOURA DE OLIVEIRA PAIVA - IAPC
Presidente - 350647 - SELMA MARIA BEZERRA JERONIMO
Notícia cadastrada em: 29/08/2025 11:42
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