A meio caminho entre escombros e estrelas: as identidades haitianas em Par la fissure de mes mots, de Évelyne Trouillot
PALAVRAS-CHAVES EM PORTUGUÊS: Poesia haitiana contemporânea; Memória e identidade diaspóricas; Terremoto do dia 12 de janeiro de 2010; Évelyne Trouillot.
A autora haitiana Évelyne Trouillot publica a coletânea de poemas Par la fissure de mes mots em 2014. Apesar de reconstruir na sua poética a experiência dos abalos sísmicos do dia 12 de janeiro de 2010 no Haiti, seus versos não se limitam a uma queixa nem a um pedido de compaixão, mas almejam cuidar de feridas do passado e infortúnios da atualidade. Por entender a poética de Trouillot como um agenciamento da história e do presente do Haiti, esta dissertação busca entender como a poeta ressignifica as identidades haitianas. Para esta análise, algumas discussões foram centrais: paisagem (Collot, 2013, 2015), memória sobre o terremoto (Lahens, 2012; Thomaz, 2010, 2011), luto (Freud, 2010; Stallybrass, 2008), ecologia decolonial (Ferdinand, 2022), problema da intersubjetividade no cenário colonial (Fanon, 2022); percepção e figuração do outro (Didi-Huberman, 2003, 2012; Macé, 2018); língua crioula (Bernabé; Chamoiseau; Confiant, 1998; Glissant, 2005), história haitiana (Andrade, 2019) e refúgio enquanto resistência (Bona, 2020). Ainda, este trabalho se debruçou sobre os poemas “Lettre à ma ville”, “Secousses”, “Mon île”, “Couleurs marines”, “Mémoire”, “La grande marche”, “Mort publique”, “L’errance devenue chair”, “À un passant”, “Corps à corps”, “Entre deux rires” e “Promesses”. De caráter interpretativo, esta pesquisa destacou as identidades haitianas em constante processo de reformulação e em diálogo com o espaço, a comunidade e o estrangeiro. Em adição, observou-se que a poética de Trouillot reenquadra as imagens do Haiti, expondo não apenas os pesares de seu povo, mas também as alegrias dessa comunidade de realidades contrastantes.