Fino corte, deslize: o desejo na poesia de Marize Castro
Poesia brasileira contemporânea; Desejo; Criação literária; Marize Castro.
Esta dissertação se debruça sobre os livros de poemas Esperado ouro (2005) e Habitar teu nome (2011a), de Marize Castro, e elege o desejo como categoria analítica, devido à sua proeminência nesta poética e, em particular, nas obras selecionadas. Junto à apresentação da autora como poeta, jornalista, pesquisadora e editora e ao mapeamento de sua fortuna crítica, propõe-se uma análise qualitativa, amparada em pesquisa bibliográfica, a fim de investigar e qualificar o desejo em uma seleção de poemas de cada obra, considerando de que elementos o desejo surge acompanhado, como é apresentado e que relações estabelece dentro do texto. Como aparato teórico sobre o desejo, são consideradas as produções de Adauto Novaes e Marilena Chauí presentes na coletânea O desejo (1995), que contribuem com discussões etimológicas, filosóficas e psicanalíticas. Para a análise dos poemas, considera-se o Dicionário de símbolos de Jean Chevalier e Alain Gheerbrant (2015), bem como O livro de ouro da mitologia, de Thomas Bulfinch (2002), e o Dicionário da crítica feminista (2005), de Ana Gabriela Macedo e Ana Luísa Amaral, além de reflexões ensaísticas e literárias de Anne Carson (2022), Annie Ernaux (2022, 2023), Elizabeth Grosz (2015), Guilherme Gontijo Flores (2018, 2020), Hélène Cixous (2022, 2024), Marguerite Duras (2021), Octavio Paz (1982, 1984) e Roland Barthes (1981, 1987). A partir da análise empreendida, avalia-se que o desejo presente nos poemas de Marize Castro distancia-se do desejo convencional, à mercê das convenções sociais e do mercado, e cria uma fenda, um território poético novo em que se encontra a reinvenção da tradição, em termos estruturais e semânticos. É um desejo criativo e criador, que se movimenta e movimenta. O desejo é uma curva por onde seguir.