A NARRATIVA SEM PONTEIROS: O TEMPO NA FICCAO ROMANESCA DE MOACIR COSTA LOPES
Tempo e narrativa; Romancista do tempo; Moacir Costa Lopes, Maria de
cada porto; Belona, latitude noite.
A presença do mar na ficção narrativa de Moacir Costa Lopes levou Jorge Amado a chamá-lo,
no texto de apresentação de umas das edições de Maria de cada porto, de Romancista do
Mar, alcunha pela qual Lopes permanece conhecido até hoje entre seus leitores e os
estudiosos de sua obra. Há, contudo, outro título que, com justiça, poderia ser atribuído ao
escritor, dada a importância que o elemento que o nomeia assume na ficção por ele produzida:
Romancista do tempo. Isso se deve ao fato de Lopes – notadamente em virtude do fascínio
que ele afirmou sentir pelo tempo – tê-lo explorado de modo amplo e diverso em suas
narrativas, tanto no plano da forma quanto no plano do conteúdo. Nesse sentido, este estudo
objetiva analisar a configuração temporal na ficção romanesca do autor e a importância que
ela assume para a construção de seus sentidos. Assim, estudamos a categoria narratológica
tempo em dois de seus romances – Maria de cada porto (1959) e Belona, latitude noite
(1968) –, atentando para: a) o modo como ela se apresenta configurada estruturalmente em
cada uma dessas obras e b) o modo como a experiência do tempo, em sua relação com a
memória e com a morte, integra o universo representado nas narrativas analisadas. Orientaram
nossas considerações os postulados de estudiosos da temporalidade narrativa e de temáticas a
ela relacionadas, como os de Genette (2017), de Guida (2013), de Mendilow (1972), de
Meyerhoff (1976), de Nunes (1988), de Ricoeur (2010) entre outros.