PELO ESCURO: a poesia afro-brasileira de Oliveira Silveira
Palavras-chave: Oliveira Silveira, Negritude, Literatura Afro-gaúcha, Literatura Afro-brasileira.
RESUMO
O presente estudo traz uma reflexão sobre os discursos culturais afro-brasileiros e o lugar ocupado pela poesia em meio a uma sociedade racista. A pesquisa tem como propósito fazer uma análise dentro das teorias culturalistas da poesia de Oliveira Silveira. Leva-se em consideração a relação do poema de Oliveira com as propostas do movimento da Negritude e o diálogo lúcido que o mesmo estabelece com poetas vinculados ao referido movimento. Analisa-se como Silveira sugere dentro da literatura a negritude como uma forma de interseção na poesia brasileira. A proposta aqui apresentada observa também a hibridez na poética de Oliveira Silveira ao se enfatizar um olhar sobre uma escrita comovida pelo traço do entre-lugar do discurso, destacando-se, sobretudo, na produção literária brasileira em seus recortes às condições sociais e culturais do lugar. Analisa-se a caracterização de uma literatura gerada pelo tom de denúncia ao desconstruir historicamente o que há muito se estabelece como “democracia racial”. Em cumplicidade com a poesia regional do Rio Grande do Sul, a poesia de Oliveira é como um tambor, pois vem permeada pela diversidade de ritmos que traduzem o legado da cultura negra mundo afora. Essa pesquisa sustenta-se nos estudos da Negritude e da Identidade na literatura afro-brasileira, que se caracteriza como um movimento de consciência pela reconstrução ou mesmo revisão histórica do que foi apagada no calabouço dos navios negreiros. As leituras de Eduardo de Assis Duarte fomentam novos questionamentos, põe em dúvidas a existência de uma identidade essencialista. Aponta-se nessa travessia para uma pluralidade de identidades, construídas por grupos culturais na encruzilhada dos diversos momentos históricos. Analisam-se, portanto, a crítica que Stuart Hall ao considerar as ideias diaspóricas, as fronteiras das margens no universo da pós-colonização. Por fim, uma encruzilhada de caminhos ao se pensar a partir de Kabengelê Munanga o discurso da negritude e da identidade negra nas relações sociais e culturais afrodescendentes.