Interação intraespecífica e caracterização abiótica em área de manguezal influenciada pela carcinicultura
Competição; Crescimento Rhizophora mangle; Densidadedependência; Facilitação; Restauração; Self-thinning; Variáveis abióticas.
Manguezais são ecossistemas costeiros e estuarinos que pertencem a climas quentes e temperados ou tropicais úmidos, são dominados por espécies lenhosas, fornecem importantes bens e serviços ecossistêmicos e possuem valor socioeconômico. Os manguezais são sensíveis a distúrbios e estão em constante processo de degradação devido ao desenvolvimento urbano. Interações entre indivíduos vegetais podem resultar em competição e facilitação interferindo no padrão de distribuição, no crescimento e na sobrevivência das plantas, além de modificar características físico-químicas do ambiente. Variáveis abióticas e bióticas interagem permitindo análise da adaptação das espécies em diferentes condições ambientais podendo também inferir sobre a intensidade de degradação. O objetivo geral do estudo foi identificar os principais fatores limitantes no crescimento e na sobrevivência de plantas de Rhizophora mangle L. (Rhizophoraceae) em dois ambientes intraespecíficos localizados em área de carcinicultura, sendo um com presença de árvores e copa fechada, e outro aberto com plantas jovens e subarbustivas. Foram realizados dois monitoramentos com seleção de parcelas e plantas em cada ambiente, totalizando 90 indivíduos, para quantificar o crescimento através de medidas da altura, número de ramos e diâmetro a 30 cm do solo por 16 meses. Para as variáveis abióticas foram tiradas medidas da temperatura e pH do solo, luminosidade, salinidade, velocidade e temperatura do ar e penetrabilidade do solo nas parcelas de cada ambiente aberto e fechado por 12 meses. Indivíduos adultos de Rhizophora mangle foram competidores intraespecíficos interferindo no crescimento de plantas jovens da mesma espécie através da limitação de luz e do estresse advindo do acúmulo de sedimentos. Em ambiente aberto, com plantas jovens apresentando mesma idade e distribuídas de forma agregada, ocorreu facilitação com redução de condições estressantes devido à maior incidência de radiação solar e temperatura desse ambiente, e também competição através de alta densidade de plantas. Devido a essas interações positivas e negativas agindo simultaneamente, o efeito final da densidade-dependência no crescimento de plantas do ambiente aberto foi neutro. Entretanto, temperaturas médias de 30°C, pH do solo com valores entre 5.5 e 6.5 e salinidade com cerca de 35 ppm foram fatores que beneficiaram o crescimento das plantas ao longo do tempo em ambiente aberto através da fotossíntese, de adaptações fisiológicas e possível melhor assimilação de nutrientes do solo. Esses resultados ajudaram a entender os aspectos ambientais que facilitam a recuperação de áreas degradadas pela carcinicultura.