PREVALÊNCIA DE DISTÚRBIOS DO SONO E FATORES ASSOCIADOS NA POPULAÇÃO BRASILEIRA E TRABALHADORES DA SAÚDE
Sono; Qualidade do sono; Distúrbios do sono; Medicamentos indutores do sono; Profissionais de saúde; Pandemia por COVID-19; Prevalência; saúde pública.
Introdução: Os distúrbios do sono representam um importante problema de saúde pública, afetando significativamente a qualidade de vida, saúde física e mental da população. Objetivo: Identificar a prevalência e fatores associados a problemas de sono na população brasileira e trabalhadores de saúde. Método: Trata-se de um estudo de diferentes métodos. 1) Estudo transversal com dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 incluindo indivíduos de 15 anos ou mais para estimar a prevalência e fatores associados a problemas de sono e uso de medicamentos para dormir na população brasileira; 2) Protocolo de revisão sistemática de estudos transversais descreve de forma detalhada o planejamento para estimar a prevalência e identificar fatores associados à má qualidade do sono dos profissionais de saúde que atuaram durante a pandemia de COVID-19; 3) A Revisão sistemática de estudos transversais para estimar a prevalência e identificar fatores associados à má qualidade do sono dos profissionais de saúde que atuaram durante a pandemia de COVID-19, com busca nas bases de dados PubMed, Web of Science, Science Direct, EMBASE (Elsevier), Scopus, Cinahl e PsycINFO, Google Scholar e Open Grey. Os critérios de elegibilidade são: População (profissionais de saúde de todas as categorias e de ambos os sexos maiores de 18 anos que atenderam pacientes com COVID-19 durante a pandemia); Exposição (Má qualidade do sono); Comparação (dados padrão do sono); Desfecho (prevalência e fatores associados à má qualidade do sono). A extração de dados foi realizada de forma independente por dois revisores e as discrepâncias resolvidas por um terceiro revisor. Resultados: No estudo transversal as prevalências de problemas de sono e uso de medicamentos indutores do sono foram de 35,1% (IC95% 34,5–35,7) e 8,5% (IC95% 8,2–8,9), respectivamente. Os problemas de sono foram associados ao sexo feminino (RP = 1,41; IC95% 1,36–1,46), aos indivíduos que autoavaliam a saúde como regular/ruim/muito ruim (RP = 1,56; IC95% 1,51–1,62), aos que possuem alguma doença crônica (RP = 1,70; IC95% 1,64–1,78), aos que fazem uso excessivo de álcool (RP = 1,14; IC95% 1,09–1,20) e aos fumantes (RP = 1,16; IC95% 1,10–1,22). O uso de medicamentos para dormir foi associado ao sexo feminino (RP = 1,57; IC95% 1,43–1,73), a indivíduos divorciados (RP = 1,46; IC95% 1,30–1,65), aos que vivem no meio urbano (RP = 1,32; IC95% 1,21–1,45), que autoavaliam sua saúde como regular/ruim/muito ruim (RP = 1,79; IC95% 1,64–1,95), com diagnóstico de doença crônica (RP = 4,07; IC95% 3,48–4,77) e aos fumantes (RP = 1,49; IC95% 1,33–1,67). Na revisão sistemática, foram incluídos 124 estudos. A prevalência da má qualidade do sono varou de 10% a 97,8% e a maioria dos estudos se enquadrou na faixa de 60% a 79% de má qualidade do sono no profissionais de saúde que prestaram assistência no período de pandemia de COVID-19. 60% das publicações vieram dos países asiáticos, sendo a maior quantidade vindo da China. Quanto aos fatores associados, 30% está ligado as condições de trabalho e pandemia, seguido de fatores relacionados a saúde mental e psicossocial (27,8%). Conclusão: Os resultados evidenciam alta prevalência de distúrbios do sono na população brasileira e entre profissionais de saúde durante a pandemia de COVID-19, associada a fatores sociodemográficos, comportamentais, de saúde e condições de trabalho. Isso reforça a necessidade de estratégias voltadas à promoção da saúde do sono e ao cuidado com a saúde mental da população.