ENLACES MATRINONIAIS: A NUPCIALIDADE NA FREGUESIA DA GLORIOSA SANT´ANNA, SERTÃO POTIGUAR NO PERÍODO COLONIAL.
Nupcialidade, Demografia Histórica, Registros paroquiais, Freguesia da Gloriosa Sant´Anna.
Pesquisar as relações de nupcialidade na Freguesia da Gloriosa Sant´Anna, sertão do Rio Grande do Norte no período colonial, mais precisamente do ano de 1788 a 1820 é o objetivo principal da presente investigação. A pergunta a qual a pesquisa se propõe a responder é como se estabeleciam as relações de nupcialidade entre a população livre e escrava da Freguesia da Gloriosa Sant’ Anna no período colonial? A nupcialidade é uma das variáveis da Demografia e para estudar essa variável em sociedades passadas, onde não havia os levantamentos populacionais se faz necessário recorrer aos registros de catolicidade, mais precisamente aos livros de casamento. Na presente pesquisa foi estudado um total de 1127 registros de casamentos da Freguesia da Gloriosa Sant´Anna. O referido acervo documental pertence à paróquia de Sant’ Ana na cidade de Caicó/ RN. Ao tomar como base a variável nupcialidade não podemos deixar de mencionar que a pesquisa vai conseguir analisar uma amostra da população dessa Freguesia que participou da cerimônia matrimonial católica, não sendo possível fazer inferências sobre as demais uniões que aconteciam. E para pensar a nupcialidade antes é necessário refletir sobre os conceitos de Demografia, História, Demografia Histórica e História Demográfica à luz das discussões teóricas que define o objeto de ambas as ciências, e estabelece diferenças e semelhanças entre a Demografia História e a História Demográfica. (Amorim, 2000; Bloch, 2001; Livi-Bacci, 2003; Marcílio, 1977; Nadalin, 2004; Reher, 1997)
É sabido que, a nupcialidade tem traços culturais, demográficos, históricos e sociais. Sua influência recai sobre as principais variáveis da demografia; como por exemplo, a fecundidade, pois segundo Hajnal (1977) é principalmente entre pessoas casadas que acontecem os nascimentos. Mas a nupcialidade apresenta características sociais e culturais muito fortes e no passado marcado pela colonização, as pesquisas demográficas e históricas mostram que era considerada por alguns autores como status social e garantia de continuação cultural.
Entre os resultados encontrados percebeu-se que na freguesia não era comum o casamento pessoas de grupos étnicos diferentes, sendo maioria o casamento entre os iguais; uma característica marcante do sistema colonial português, sendo o mesmo comportamento verificado nas Capitanias de São Vicente estudadas por Silva (1984), no Paraná e imediações por Nadalin (2004), em Curitiba por Burmester (1974) e em Franca/SP por Cunha (2009) entre outros. Outra marca da colonização é o calendário das cerimônias matrimoniais que rejeitava os meses de março e dezembro, meses segundo o calendário cristão, da semana santa e advento, respectivamente. Esses são os passos iniciais de uma pesquisa que com o cumprir das etapas servirá para mostrar um olhar do demográfico no histórico e/ou do histórico no demográfico, contribuindo para os estudos de demografia do Estado do Rio Grande do Norte e do Nordeste; espaços cujos trabalhos na área ainda são tímidos ou inexistentes.