O "VELHO CHICO" E O SERTÃO NORDESTINO: UMA ANÁLISE SOB A PERSPECTIVA DO PROJETO DE TRANSPOSIÇÃO E DE SUA RELAÇÃO COM A VULNERABILIDADE SOCIODEMOGRÁFICA
Semiárido Setentrional; Rio São Francisco; Projeto de Transposição; Dinâmica Demográfica; Vulnerabilidade Sociodemográfica
O megaprojeto de transposição, considerado um dos maiores empreendimentos estruturais que o Governo Federal vem executando, é uma extensão do “Velho Chico” (Rio São Francisco) para atenuar os problemas oriundos do fenômeno da seca especialmente no sertão nordestino. Contudo, esse tipo de empreendimento não é monumental apenas em termos de tamanho, mas também em termos de impactos sociais, econômicos ou ambientais. Estes impactos podem afetar as relações socioespaciais e, assim, moldar novas dinâmicas dentro do território, sejam espaciais ou migratórias, capazes de afetar fortemente a vida da população e os espaços atingidos. Isso evidencia que o ritmo de crescimento populacional não é o único aspecto demográfico que merece ser investigado, já que a distribuição e composição populacional podem trazer questões de cunho demográfico importantes, as quais podem ajudar na compreensão do quadro de vulnerabilidade que persiste e que emerge no Semiárido nordestino. Entretanto, pouco se tem abordado sobre a dimensão dos deslocamentos em torno da temática dos megaprojetos no Brasil, ainda mais considerando os aspectos da vulnerabilidade sociodemográfica, uma vez que essa abordagem é resultado dos riscos sociais (pobreza, fome, depressões econômicas, exclusão social) agravados pelos riscos demográficos (como a distribuição e composição populacional) por dificultarem o acesso a ativos (capital humano, social e físico) necessários à defesa e adaptação dos indivíduos ou grupos familiares aos riscos sociais. Assim, o principal objetivo desta pesquisa é entender como a mobilidade populacional, decorrente da obra da transposição, pode interferir na vulnerabilidade sociodemográfica dos espaços urbanos das áreas de influência desse empreendimento no sertão nordestino. Para tanto, metodologicamente, para mensuração da mobilidade populacional, será utilizado o quesito última etapa, para migração, e a soma dos deslocamentos diários (trabalho mais estudo), para pendularidade. Já para mensurar a vulnerabilidade sociodemográfica, será adotado o índice de vulnerabilidade desenvolvido por Cunha et al. (2006), mas com algumas ressalvas para alguns indicadores a fim de garantir a fidelidade dos resultados ao espaço a ser analisado. A principal fonte de dados para ambos os métodos será o Censo Demográfico de 2010.