CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO REPRODUTIVO NA REGIÃO NORDESTE EM UM CONTEXTO DE BAIXA FECUNDIADE
Baixa Fecundidade; Diferenças Sociais; Heterogeneidade; Comportamento reprodutivo; Nordeste
A literatura recente tem apontado que a baixa fecundidade no Brasil ocorreu através de uma combinação de diversos comportamentos reprodutivos. Nesse sentido, a heterogeneidade, observada no regime de fecundidade (redução da fecundidade alta, ausência de filhos e fecundidade em torno de um e dois filhos), tem sido explicada pelos diferenciais sociais que existem entre as mulheres. Partindo desse contexto, o principal objetivo deste estudo é analisar o comportamento reprodutivo na Região Nordeste em um contexto de baixa fecundidade, considerando os diferenciais socioeconômicos e demográficos das mulheres com idade de 20 a 49 anos, entre os anos de 2000 e 2010. Além disso, este estudo tem como foco quatro grupos de mulheres, a saber: mulheres sem filho; com um filho; dois filhos e três ou mais filhos. Para atingir os objetivos propostos, foram utilizados os dados dos Censos Demográficos de 2000 e 2010. A metodologia adotada é a análise estatística descritiva, capaz de relacionar as informações de cada variável em estudo com os quatro grupos de mulheres, agrupadas pela quantidade de filhos tidos até a data de cada Censo. Os resultados mostram que durante o período analisado houve uma redução significativa na proporção de mulheres com três ou mais filhos, seguido de um crescimento na participação de mulheres sem filho, assim como com um e dois filhos. Esse comportamento foi observado em todas as Unidades Federativas do Nordeste, porém, essas mudanças se deram internamente de maneira diferenciada. Além disso, teve uma redução significativa na participação de mulheres com filhos em idades mais jovens, apresentando um incremento em idades acima dos 30 anos. Todavia, a principal mudança foi a diminuição na participação de mulheres com dois filhos em faixas de idade de 20 a 34 anos, mas sendo observado um crescimento acima dos 35 anos. Os resultados sugerem que as características que mais diferenciam as mulheres em relação ao número de filhos tidos são: situação do domicílio; renda total domiciliar per capita; cor/raça, escolaridade e situação conjugal. Nesse contexto, é importante destacar o crescimento de arranjos familiares heterogêneos no Nordeste, com aumento na participação de mulheres em união sem filhos. Além disso, nota-se um contingente significativo de mulheres que nunca viveram em companhia do cônjuge sem filhos. No entanto, o aumento no nível de escolaridade da população feminina durante o período analisado foi o que mais impactou nos diferenciais entre as mulheres em relação ao número total de filhos. Em suma, os resultados sugerem que o declínio da fecundidade na Região Nordeste, durante o período analisado, se deu por uma combinação de diferentes regimes reprodutivos, em razão dos diferenciais sociais que existem entre as mulheres.