A relação entre o envolvimento religioso materno e a mortalidade na infância na Região Nordeste em 2010
Mortalidade na infância; Mortalidade infantil; Religião; Censo Demográfico 2010; Região Nordeste
O presente estudo destacou a afiliação religiosa materna como um importante fator associado ao óbito infantil, sendo o principal objetivo desse trabalho analisar a relação entre mortalidade na infância e categorias de afiliação religiosa materna para a Região Nordeste em 2010. No Brasil, as taxas de mortalidade na infância e infantil têm apresentado tendência decrescente nas últimas décadas (SZWARCWALD & CASTILHO, 1995; GARCIA & SANTANA, 2011; TEIXEIRA et al, 2016). Além disso, o país tem passado por importantes transformações demográficas, econômicas, sociais, ambientais e culturais, entre as quais, são verificadas também mudanças no campo religioso (ALVES, CAVENAGHI & BARROS, 2014). Para o alcance dos objetivos propostos, esse estudo utilizou como fonte de informações o Censo Demográfico 2010 e foram aplicados três modelos de regressão de Poisson com variância robusta para a mortalidade infantil e na infância: O Modelo 1 incluiu apenas o fator associado de interesse da dissertação (afiliação religiosa materna). No Modelo 2 foram acrescentadas as características demográficas maternas (faixa etária, cor/raça, parturição e estado civil), e no Modelo 3, foram acrescentadas as características econômicas da mãe e do domicílio (níveis de escolaridade, situação censitária do domicílio, tipo de esgotamento sanitário, existência de água canalizada no domicílio e se alguém no domicílio recebia benefícios de programas sociais). Entre os principais resultados obtidos, destaca-se que a afiliação religiosa materna não se mostrou associada à mortalidade infantil em nenhum dos três modelos ajustados. Já no caso da mortalidade na infância, a religião materna alcançou significância estatística no Modelo 1, em que as categorias ‘protestantes tradicionais’ (RP=0,76; p<0,05) e ‘pentecostais’ (RP=0,80; p<0,05) se revelaram protetoras à ocorrência desses óbitos. No Modelo 2, a categoria das mães tradicionais perdeu significância estatística, porém, o grupo das mães protestantes pentecostais não apenas manteve associação estatisticamente significativa como teve seu efeito protetor potencializado (RP=0,84; p<0,05). Ainda se associaram ao óbito na infância, os extremos da idade materna ao ter o filho: ’10 a 19 anos’ (RP=1,38; p<0,05) e ’35 anos ou mais’ (RP=1,33; p<0,05). E também, a parturição igual ou superior a três filhos (RP=1,39; p<0,05), ser viúva (RP=1,64; p<0,10) e residir em domicílio com esgotamento sanitário adequado (RP=0,73; p<0,05). De um modo geral, os resultados encontrados para a afiliação religiosa corroboram em parte a hipótese de Wood, Williams & Chijiwa (2007) de que com o passar do tempo as mães pentecostais alcançariam o patamar das mães protestantes tradicionais em termos de proteção ao óbito na infância.