Imobilidade e percepção ambiental: vulnerabilidade e estratégias de adaptação no Seridó Potiguar
Migração; Políticas Sociais; População e Ambiente; Mudanças Climáticas; Seca
Durante as décadas de 1950-1970 o Nordeste como um todo se tornou conhecido como um espaço perdedor de sua população, dado que os grandes fluxos populacionais com destino ao Sudeste foram historicamente associados às secas severas e prolongadas. Estudos recentes apontam que os eventos climáticos se intensificarão e podem levar ao deslocamento de populações inteiras em algumas localidades, inclusive onde o fenômeno da seca é recorrente. Contudo, ainda é inclusiva a associação entre mudança ambiental e migração, tanto pela dificuldade de dissociação de motivações individuais e de caráter econômico, quanto pelas limitações das pesquisas populacionais. Além disso, a migração é apenas uma dentre uma gama de estratégias de adaptação às mudanças ambientais. Partindo da população imóvel, a presente pesquisa tem como objetivo principal analisar a relação das percepções ambientais individuais com as estratégias para lidar com a mudança ambiental. Considera-se a hipótese de que os indivíduos terão respostas diferenciadas, a depender principalmente dos estratos de renda e de outros atributos individuais. Nesse sentido, os Programas de Transferência de Renda (PTR) poderiam funcionar como uma estratégia para mitigar a vulnerabilidade, reduzindo as desigualdades de renda. Para tanto, a base de dados utilizada consiste numa pesquisa qualitativa realizada a partir de janeiro de 2017 com mais de mil domicílios da região do Seridó Potiguar. Serão criados perfis multidimensionais da população imóvel a partir de seus atributos individuais e percepções ambientais, com base em um modelo de partição difusa através do método Grade of Membership (GoM) no software estatístico R versão 2.15.2. Assim, podemos obter perfis da população imóvel e comparar as percepções ambientais entre os grupos com seus atributos, inclusive a renda e beneficiários de PTR. É preciso reconhecer tais populações e suas vulnerabilidades específicas, a fim de antecipar o risco para direcionar políticas públicas adequadas para mitigar ou adaptar-se às mudanças.