UM OLHAR SOBRE O TAMANHO DA PROLE DAS MULHERES INDÍGENAS À LUZ DO CAPITAL CULTURAL E ECONÔMICO, BRASIL, 2010.
Mulheres indígenas; Capital cultural e econômico; Fecundidade
Este trabalho tem como objetivo principal estimar a fecundidade das mulheres indígenas do Brasil, em 2010, à luz dos seus perfis de capital cultural e econômico.
Para tanto, utilizou-se os microdados do Censo Demográfico 2010 a fim de aplicar o método Grade of Membership (GoM) para construir a tipologia das mulheres indígenas a partir das dimensões: demográficas, do capital cultural e econômico e das características do domicílio. E em um segundo momento, estimar os níveis de fecundidade através dos perfis encontrados, utilizando a técnica indireta de Brass.
A tipologia das mulheres indígenas revelou três perfis puros: o primeiro de mulheres intituladas aqui com “baixo capital cultural e econômico”, que possuem características de uma população aldeada, que praticam suas tradições e moram em ocas ou tendas, por exemplo. Em outro extremo encontrou-se um perfil com condições opostas, residentes da área urbana, que no contexto dos povos indígenas, apresentaram maior nível de escolaridade e renda domiciliar. E um terceiro perfil com “capital cultural e econômico intermediário”, que ficou em uma transição entre os dois primeiros. Além desses, foram traçados seis perfis mistos a partir dos escores de pertinência aos perfis puros encontrados.
A análise da fecundidade de cada perfil puro apresentou altos níveis para perfis com baixo e intermediário capital cultural e econômico – 5,9 e 5,5 filhos, em média, por mulher - e um baixo nível (2,6 filhos) para aquelas com alto capital cultural e econômico.
Por fim, o estudo revela a importância de pensar políticas de saúde reprodutiva sensíveis aos aspectos culturais aos diferentes grupos de mulheres indígenas encontrados.