UM RETRATO DO ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS MENORES DE 5 ANOS E IDOSOS: DIFERENCIAIS REGIONAIS, SOCIAIS E DEMOGRÁFICOS, BRASIL, 2009
Estado nutricional, Inquéritos Demográficos, Aspectos socioeconômicos.
Este estudo teve por objetivo diagnosticar padrões de estado nutricional de crianças menores de 5 anos e idosos no Brasil no ano de 2009, bem como caracterizar este perfil nutricional segundo possíveis diferenciais sociais, demográficos e regionais. Realizou-se um estudo transversal descritivo de base populacional a partir de dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF- 2008/2009) avaliando crianças menores de 5 anos de idade (n=14.569), foco do primeiro artigo, e indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos (n=20.114), no segundo artigo. Para as crianças, o estado nutricional foi classificado segundo os índices Peso-para-idade, Estatura-para-idade e Peso-para-estatura e para os idosos, segundo o Índice de Massa Corporal (IMC). Para verificar a associação entre variáveis sociais e demográficas com o estado nutricional das crianças utilizou-se o teste de associação de Pearson, regressões logísticas e análises de correspondência. As associações entre o estado nutricional dos idosos e as variáveis sociais e demográficas foram testadas a partir do teste de associação de Pearson e de modelos lineares multiníveis. Realizou-se ainda uma análise de comparação das médias de IMC entre as macrorregiões e Unidades da Federação a partir de testes de ANOVA e Tukey. Considerou-se o nível de significância de 5% para todos os testes. Os resultados mostraram maiores prevalências de déficit nutricionais em crianças oriundas das regiões Norte e Nordeste, pertencentes às famílias com menores níveis de renda per capita (até ¼ de salário mínimo e de ¼ a ½ salário mínimo) e de cor/raça preta e indígena. Já o sobrepeso demonstrou maior associação às crianças das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, do sexo masculino, residentes no estrato urbano do país, de cor/raça branca e pertencentes às famílias com faixas de renda per capita intermediárias (1/2 a 1 salário mínino e de 1 a 5 salários mínimos). Observaram-se maiores prevalências de déficit ponderal em idosos do sexo masculino, cor/raça amarela e preta, longevos (80 anos e mais), com renda per capita de até ¼ de salário mínimo, com menores níveis de instrução, residentes no estrato rural e nas regiões Nordeste e Centro-Oeste e em idosos que declararam morar sozinhos. Com relação à ocorrência de obesidade, esta se mostrou mais prevalente em idosos do sexo feminino, mais jovens (60 a 69 anos), com as maiores faixas de renda per capita, residentes nas regiões Sul e Sudeste, nos estratos urbanos e naqueles que residiam sozinhos. Sugere-se a continuidade do monitoramento e do estudo dos condicionantes do estado nutricional de crianças e idosos visando estabelecer estratégias de intervenção adequadas e específicas aos grupos populacionais mais vulneráveis ao risco nutricional.