PREVALÊNCIA DE ALTO RISCO PARA EVENTOS CORONÁRIOS NA POPULAÇÃO BRASILEIRA E FATORES ASSOCIADOS EM 2013.
Demografia; Transição Epidemiológica; Doenças Cardiovasculares; Fatores de Risco
As doenças do aparelho circulatório constituem-se na principal causa de adoecimentos e mortes no Brasil, desde o início da década de 80. O aumento do número de mortes por essas patologias relaciona-se aos fatores intrínsecos da transição demográfica, epidemiológica e nutricional. Nos quais se destacam o envelhecimento populacional, mudanças no padrão de alimentação, alta prevalência do tabagismo e sedentarismo. Trata-se de um estudo transversal, com base nos dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2013, com objetivo de analisar a associação entre o alto risco para eventos coronários e as variáveis sociodemográficas, de hábitos, estilo de vida e de autoavaliação de saúde. A amostra foi composta por indivíduos adultos a partir dos 18 anos de ambos os sexos. A população foi estratificada de acordo com o risco cardiovascular a partir da I Diretriz Brasileira de Prevenção Cardiovascular. Foram classificados com alto risco, na primeira fase de estratificação, os indivíduos que responderam sim para pelo menos uma dessas variáveis: presença de diabetes, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico, angina, insuficiência renal crônica, ou colocação de stent/angioplastia. Realizou-se análise estatística descritiva (prevalência), bivariada (teste qui-quadrado com correção de Rao e Scott, e teste entre proporções), considerando os pesos amostrais, e múltipla (Regressão de Poisson) com nível de significância de 5%, por meio da biblioteca survey do programa estatístico R versão 3.2.2. A prevalência de alto risco para eventos coronários no ano de 2013 foi de 11,06% (IC95% 10,83-11,29), a maior proporção dos indivíduos classificados com alto risco para evento coronário referiram diabetes mellitus (64,79%; IC95% 63,66-65,92), acidente vascular cerebral (15,56%; IC95% 14,73-16,39) e insuficiência renal crônica (14,51%; IC95% 13,65-15,37). Após a análise múltipla permaneceram associadas ao alto risco para evento coronário variáveis sociodemográficas (faixa etária, sexo e região geográfica), de autoavaliação do estado de saúde e hábitos e estilo de vida (tabagismo no passado, consumo abusivo de álcool, tempo dispendido assistindo televisão, consumo de fruta por dia e consumo de carne vermelha). Os achados do presente estudo mostraram que cerca de 11,0% da população brasileira apresenta alto risco para evento coronário. E assim, possuem mais de 20% de risco de um novo evento coronariano nos próximos 10 anos. Acredita-se que esta realidade seja fruto do envelhecimento da população brasileira associado às mudanças nos hábitos e estilo de vida.