Correlações entre medo e as novas sociabilidades nas tipologias urbanas do bairro Alto do Sumaré em Mossoró-RN
Medo, Sociabilidade, Espaço público, Mossoró-RN.
Este trabalho não lida com nenhum tipo de fenômeno novo, utilizarei o medo, presença constitutiva das experiências dos indivíduos ao longo da história, para abordar a sua correlação com as dinâmicas de sociabilidades públicas no contexto contemporâneo, que parece revelar novas formas de manifestação, intensificação e produção de espacialidades específicas, moldadas por dispositivos de controle, segregação e retração da vida coletiva. Direta ou indiretamente, esta nova relação com o espaço orienta um novo pensamento sobre a cidade e o espaço público: a cidade é percebida como um lugar de conflito potencial e mesmo sendo muitas vezes baseadas em interpretações equivocadas do crime e da violência, ou em áreas onde a violência estatística é reduzida configuram uma espécie de comportamento voltado a individualidade do sujeito urbano e o enfraquecimento comunitário. Elementos como muros altos, ausência de permeabilidade visual, dispositivos de controle e a proliferação de condomínios fechados indicam a consolidação de uma arquitetura do medo, que influencia fortemente a vida urbana e os modos de interação coletiva. O estudo tem como foco o bairro Alto do Sumaré, na cidade de Mossoró/RN, área de expansão urbana onde se observa a consolidação de lógicas espaciais voltadas à segurança e ao enclausuramento residencial. A abordagem metodológica é qualitativa, de caráter descritivo e exploratório, utilizando entrevistas semiestruturadas com moradores do bairro, análise de tipologias edificadas e levantamento de dados secundários sobre violência urbana. busca-se compreender como a população percebe, utiliza o espaço público e constrói vínculos sociais em um território marcado pelo imaginário coletivo a segurança do medo. Para além do impacto na organização do território urbano, espera-se compreender a racionalização da vida cotidiana urbana, onde os princípios que fundamentam a ordem estabelecida são percebidos nas diferentes instâncias sociais, através das transformações das relações interpessoais geradas pelo aumento da restrição social. A metodologia qualitativa é complementada por levantamento de dados secundários sobre criminalidade e análise das tipologias edificadas, articulando elementos simbólicos e espaciais da experiência urbana. A relevância do estudo reside em contribuir para debates sobre os efeitos do medo na configuração socioespacial das cidades, trazendo o debate um nível e uma cidade média interiorizada que já sente os efeitos da urbanização globalizada.