Banca de DEFESA: RAFAELA MARIA DE FRANÇA BEZERRA

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : RAFAELA MARIA DE FRANÇA BEZERRA
DATA : 29/08/2017
HORA: 14:30
LOCAL: Sala de Reuniões, Centro de Biociências, UFRN
TÍTULO:

POTENCIAL UTILITÁRIO DA CAATINGA NA MICRORREGIÃO DO VALE DO AÇU-RN: um paralelo entre o setor ceramista e os assentamentos rurais como subsídio à conservação


PALAVRAS-CHAVES:

Indústria de Cerâmica Vermelha, Etnobotânica, Valor de Uso, Índice de Prioridade de Conservação.


PÁGINAS: 136
RESUMO:

A vegetação da Caatinga tem sido amplamente utilizada para fins industriais e de subsistência no Vale do Açu. Quando não realizada de forma sustentável, tal prática pode levar espécies desse bioma à uma situação de vulnerabilidade. Estudos etnobotânicos podem contribuir para identificar padrões de uso e nortear estratégias de conservação da Caatinga. Considerando a raridade de estudos dessa natureza para a região a presente tese teve como objetivo registrar a diversidade e a versatilidade de plantas da Caatinga utilizadas pela indústria ceramista e por assentamentos rurais do Vale do Açu-RN a fim de identificar espécies de intensa exploração e iminente conservação. Preliminarmente realizou-se um diagnóstico quali-quantitativo do uso da vegetação pelo setor ceramista mediante entrevistas semiestruturadas com 120 atores sociais envolvidos nesse setor, divididos em três grupos: Ceramistas, Lenheiros e Agricultores de quatro assentamentos rurais potencialmente fornecedores de lenha utilizada no processo de fabricação da cerâmica vermelha. Analisou-se a caracterização do perfil tecnológico das indústrias e a percepção dos seus impactos sobre a vegetação local. Utilizou-se a Análise de Correspondência para verificar a associação entre as espécies mais utilizadas pela indústria ceramista e as percebidas como ausentes pelos assentamentos e o modelo linear generalizado (GLM) para avaliar a relação entre a distância dos assentamentos do polo ceramista e o número de espécies citadas como ausentes. A segunda etapa consistiu em identificar a intensidade e multiplicidade de usos da vegetação pelos assentamentos rurais através de observação participante, turnê guiada e entrevistas semiestruturadas. Os usos mencionados foram distribuídos em categorias utilitárias e as espécies úteis tiveram calculados o Valor de Uso e a Importância Relativa. Estimou-se a diversidade ecológica para cada assentamento através do cálculo dos Índices de Shannon (H’) e Equitabilidade de Pielou (J) que foram comparados pelo Teste t. As proporções de categorias utilitárias foram submetidas à uma análise multinomial e a relação “Valor de Uso vs. Categorias Utilitárias” foi analisada através da Correlação de Spearman. A identificação de espécies prioritárias de conservação foi realizada através do cálculo do Índice de Prioridade de Conservação, aplicado de forma inédita no estado do Rio Grande do Norte. Esse índice fundamenta-se em escores biológicos e critérios de utilização fundamentados em inventários fitossociológicos e levantamentos etnobotânicos. Os valores obtidos para cada espécie permitiram categorizá-las de acordo com a criticidade de
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seu estado de conservação. Identificou-se uma intensa dependência dos recursos da Caatinga por parte da indústria ceramista da região, com destaque para o sobreuso de Mimosa tenuiflora e Pityrocarpa moniliformis cuja percepção da diminuição da abundância tem sido observada principalmente pelos assentamentos localizados mais próximos ao polo ceramista. Em relação à utilização da vegetação pelos assentamentos, verificou-se uma elevada dependência dos recursos florestais principalmente para fins construtivos e medicinais, categorias de uso mais representativas nas quatro áreas. Dada a sua versatilidade, M. tenuiflora destacou-se como a espécie mais importante para a subsistência das famílias entrevistadas, visto que alcançou o maior Valor de Uso. Em relação à utilização terapêutica da vegetação, Poincianella pyramidalis logrou o maior índice de Importância Relativa. No que concerne ao estado de conservação da vegetação, verificou-se que uma estreita associação entre sobreexploração, raridade e índice de prioridade de conservação, onde em geral, as espécies de maior utilização são as de menor riqueza local e consequentemente possuem maior iminência de conservação. Destacaram-se nesse contexto as espécies Anadenanthera colubrina, Commiphora leptophloes, Ziziphus joazeiro, Ximenia americana, Libidibia ferrea, Auxemma oncocalyx, Handroanthus impetiginous e Myracrodruon urundeuva, que se encontram em situação de vulnerabilidade na região estudada. Considerando a elevada importância ecológica e socioeconômica da Caatinga para a microrregião do Vale do Açu, torna-se premente a adoção de medidas que oportunizem a regeneração, a conservação e o uso sustentável dessas espécies.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 350231 - MAGDI AHMED IBRAHIM ALOUFA
Externo ao Programa - 338397 - ELINEI ARAÚJO DE ALMEIDA
Externo à Instituição - AMILTON GURGEL GUERRA - EMPARN
Externo à Instituição - MARIA CRISTINA BASÍLIO CRISPIM DA SILVA - UFPB
Externo à Instituição - RAMIRO GUSTAVO VALERA CAMACHO - UERN
Notícia cadastrada em: 22/08/2017 16:32
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