DEPRESSÃO NO PERÍODO PERIPARTO: RASTREIO EM MULHERES PRIMÍPARAS DE UMA MATERNIDADE DE ALTO RISCO – ANÁLISE DE FATORES HORMONAIS, CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS.
depressão periparto; PHQ-9; cortisol; epidemiologia; gestação; primípara
O comportamento parental envolve múltiplos mecanismos neurobiológicos que são influenciados for fatores fisiológicos, genéticos, socioambientais e econômicos e que podem ser modulados por alterações psicológicas e neuroendócrinas decorrentes da gravidez e da expectativa do cuidado dos genitores. Estas alterações podem tornar as gestantes mais vulneráveis a transtornos psiquiátricos, entre eles sintomas depressivos. O transtorno depressivo maior (TDM) configura-se atualmente como um problema de saúde pública, acometendo mais de 300 milhões de pessoas no mundo. Essa situação reveste-se de importante gravidade no período puerperal, quando mulheres podem desenvolver sintomas depressivos atrelados às variações dos hormônios sexuais e do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal relacionadas tanto ao estado gestacional, como ao periparto, com consequências negativas para a mãe, o recém-nascido, ou ambos. Os objetivos deste estudo foram (1) descrever as características da amostra em termos dos aspectos socioeconômicos e epidemiologia do pré-natal, e (2) modelar o risco de depressão em mulheres primigestas. O desenho experimental consta de um estudo transversal e quantitativo onde foram entrevistadas 116 mulheres, maiores de 18 anos, com fetos nascidos vivos, em até 48 horas após o parto. Foi utilizado questionário socioepidemiológico e duas escalas de rastreio para depressão: Pacient Health Questionnaire 9 (PHQ-9, ponto de corte 10) e Escala de Depressão Puerperal de Edimburgo (EPDS, ponto de corte 10) e realizada a coleta de sangue para dosagem do cortisol. A análise estatística evidenciou que a idade média das participantes foi de 24,37 anos, 61,26% (n=71) tinham renda familiar de até 1 salário mínimo, 75% (n=84) tinham união estável, com 72,41% (n=84) declarando receber muito ou muitíssimo apoio do parceiro. A média geral de consultas de pré-natal foi 8,65 com início das consultas em torno de 9,39 semanas. 68,96% (n=80) afirmaram não ter sido indagadas sobre seu humor durante o pré-natal. Apenas 13,80% (16) relataram problemas psiquiátricos prévios. Desse total, 27 (23,28%) positivaram na EPDS e 61 (52,59%) positivaram na PHQ-9. Foi possível coletar amostras de 107 mulheres no dia seguinte à aplicação dos questionários para análise do cortisol. Do total das parturientes foram selecionados dois grupos de mulheres com renda de até 1 salário mínimo: 21 participantes que apresentaram rastreio positivo em EPDS e outras 25 participantes com os dois rastreios negativos (EPDS e PHQ-9). A modelagem do risco de depressão no periparto foi realizada por meio de um modelo de regressão logística. Os preditores foram idade, cortisol, história psiquiátrica prévia, qualidade de apoio do pai e avaliação da expectativa para com a gestação durante o pré-natal, cuja análise encontra-se em desenvolvimento. A partir da conclusão da análise dos resultados obtidos, espera-se contribuir para propor adequações ao programa do pré-natal de alto risco da maternidade estudada e uma triagem para melhor manejo das pacientes com risco de depressão.