Banca de DEFESA: ANNIE DA COSTA SOUZA

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : ANNIE DA COSTA SOUZA
DATA : 29/04/2020
HORA: 09:00
LOCAL: SERÁ REALIZADA POR VÍDEO CONFERÊNCIA
TÍTULO:

ESTADOS PSICODÉLICOS E SONO NO CÉREBRO DO RATO: ESTUDOS COMPORTAMENTAIS, ELETROFISIOLÓGICOS E MOLECULARES


PALAVRAS-CHAVES:

psicodélicos, serotonina, hipocampo, córtex pré-frontal, córtex somatossensorial, rato, eletrofisiologia, sono, fosfoproteômica


PÁGINAS: 285
RESUMO:

Psicodélicos - ou alucinógenos clássicos - são substâncias conhecidas por induzir estados alterados de consciência. Experimentos pioneiros com diversos alucinógenos demonstraram que esse efeito é dependente da atividade de receptores serotonérgicos 5-HT2A e 5-HT1A, porém devido à longa proibição dessas drogas para a pesquisa, relativamente pouco é conhecido quanto aos efeitos/correlatos eletrofisiológicos no cérebro. No primeiro capítulo do presente trabalho, investigamos os efeitos da 5-MeO-DMT e do d-LSD, dois potentes agonistas serotonérgicos, na atividade eletrofisiológica do hipocampo e do córtex pré-frontal de ratos. Encontramos alterações típicas de comportamento nos 15 minutos subsequentes à injeção das drogas, tais como aumento da locomoção, ocupância da arena, e ocorrência de comportamentos estereotipados (wetdog shake, andar descoordenado etc). Em acordo com resultados prévios, encontramos alterações nos potenciais de campo local (LFP) nas áreas pré-frontais (PFC), bem como no hipocampo (HP). Enquanto a potência na faixa de frequência de theta (5-10Hz) gama (30-100Hz) diminuiu em ambas as áreas nos primeiros 30 minutos após a injeção de 5-MeO-DMT, a potência na faixa de delta (0.5-4.5Hz) não apresentou variação significativa. De modo semelhante, porém tardio, o HP apresentou diminuição da potência na faixa de gama após ~4h30min da injeção de d-LSD. Além disso,  encontramos um aumento da coerência entre PF e HP na faixa de Delta e Gama para os experimentos 5-MeO-DMT na condição i.p. Considerando que os achados acima mencionados sugerem que 5-MeO-DMT e d-LSD levam a estados cerebrais alterados em termos de eletrofisiologia, decidimos compará-los ao ciclo sono-vigília. Análises de mapa de estados demonstraram que ambas as substâncias promovem uma mudança no ciclo sono-vígilia. Os animais apresentaram maior velocidade durante estados classificados eletrofisiologicamente como sono REM e SWS. Em alguns casos foi possível observar também transições pouco usuais entre estados (WK para REM). Em outras palavras, ainda que o animal estivesse comportamentalmente acordado, essa vigília é similar à estados de sono, pelo menos em termos eletrofisiológicos. Em suma, esses resultados corroboram parcialmente os achados anteriores e trazem alguns pontos ao debate. Adicionalmente, os novos resultados encontrados aqui contribuem para um melhor entendimento das mudanças eletrofisiológicas causadas por alucinógenos no cérebro.

O segundo capítulo dessa tese é dedicado à investigação do papel cognitivo das distintas fases do sono em termos moleculares (e eletrofisiológicos). Hipotetizamos que o sono de ondas lentas (SWS) e o sono REM possuem papeis e perfis de fosforilação proteica distintos no processamento de memórias durante o sono. Mais especificamente, fizemos um screening das proteínas fosforiladas no córtex somatossensorial e no hipocampo durante ambos fases do sono em animais expostos ou não expostos à novidade na vigília anterior. É conhecido na literatura que o sono dentre as diversas funções restauradoras, desempenha um papel importante na cognição e consolidação de memórias. Entretanto, pouco é conhecido quanto aos aspectos moleculares que estão por trás desse papel e que dinâmica tal perfil apresentaria durante as diferentes fases de SWS e sono REM. Em um trabalho do nosso grupo, demonstramos que a CaMKII fosforilada, uma proteína kinase relacionada à plasticidade sináptica, diminui durante o SWS e encontra-se com níveis aumentados durante o sono REM no hipocampo de ratos. Tal efeito ocorre somente em animais que foram previamente expostos a novidade na vigília anterior. Esse trabalho motiva a questão de quais outras proteínas estariam induzidas nessas fases de sono. A fim de responder essa questão realizamos experimentos semelhantes e análises de proteômica, buscando marcadores de proteínas fosforiladas. Identificamos 708 fosfoproteínas no total para as regiões HP e S1. Dentre as identificadas, encontramos diversas proteínas significativamente moduladas ao comparar fases de sono. Através de análises ontogenéticas encontramos que as proteínas moduladas pertencem a diversas classes, por exemplo, relacionadas ao organização de citoesqueleto, processamento de RNA, vias de sinalização por cálcio etc. Em termos quantitativos o SWS exposto a novidade comparado ao não exposto apresentou 9 proteínas significativamente moduladas no HP e 23 em S1. No sono REM de animais previamente expostos a novidade comparado aos animais não expostos encontramos que 3 proteínas foram significativamente moduladas no HP e 3 em S1. De forma geral os resultados apontam para uma maior abundância de proteínas significativamente moduladas no córtex de animais expostos a novidade durante o SWS (23 proteínas). Possivelmente essa modulação tanto para diminuição quanto para aumento da abundância de proteínas fosforiladas está relacionada aos up and down states que ocorrem no sono de ondas lentas. Já durante o sono REM, há menor número de proteínas significativamente moduladas em animais expostos versus não expostos (3 proteínas). Diversas funções foram identificadas nas análises funcionais e provavelmente refletem o funcionamento geral dos neurônios, especialmente durante o SWS. Entretanto, uma vez que a novidade está presente, tal estímulo geraria um direcionamento à fosforilação mais seletiva de proteínas relacionadas ao processamento sensorial, principalmente durante o sono REM. Tal ideia é corroborada por achados recentes quanto ao papel cognitivo do sono. Em camundongos, logo após aprendizado motor, durante o sono REM ocorre uma poda sináptica em sinapses que foram ‘enfraquecidas’ durante a tarefa. Enquanto as poucas sinapses que restaram são ‘reforçadas’.


MEMBROS DA BANCA:
Interno - 1721223 - ADRIANO BRETANHA LOPES TORT
Externo à Instituição - CLEITON LOPES AGUIAR - UFMG
Interno - 1824636 - RICHARDSON NAVES LEAO
Presidente - 1660044 - SIDARTA TOLLENDAL GOMES RIBEIRO
Externo à Instituição - VINICIUS ROSA COTA - UFSJ
Interno - 051.724.194-38 - VITOR LOPES DOS SANTOS - UFRN

Notícia cadastrada em: 21/04/2020 23:46
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