CORRELATOS PSICOFISIOLÓGICOS E SOCIAIS DA SÍNDROME DE BURNOUT EM ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO
Burnout; cortisol; demanda escolar; suporte familiar; empatia, sexo; ensino médio;
A adolescência é uma fase crítica do desenvolvimento humano, marcada por rápidas transformações físicas e comportamentais, além de maior vulnerabilidade frente a desafios sociais e culturais. Nesse contexto, os ambientes familiar e escolar desempenham papéis essenciais na socialização e no apoio ao bem-estar dos jovens. Diante disso, diversas iniciativas vêm sendo implementadas globalmente para desenvolver programas e políticas públicas voltadas à promoção da saúde mental em adolescentes, especialmente dos estudantes do ensino médio. Este estudo teve como objetivo investigar condições biopsicossociais de estudantes do ensino médio, a fim de identificar possíveis associações entre variáveis psicofisiológicas e fisiopatológicas com a síndrome de burnout escolar. A pesquisa foi conduzida em duas das mais tradicionais escolas públicas de ensino médio em tempo integral da cidade de Natal (Brasil), com uma amostra composta por 95 estudantes do 1º (n = 50) e 3º (n = 45) anos do ensino médio. Para investigar a ocorrência de burnout foram coletadas informações sociodemográficas, aplicados instrumentos psicométricos de avaliação da empatia, satisfação escolar (relacionamentos com professores e colegas), suporte familiar e a mensuração de cortisol salivar como marcador fisiológico. Escores elevados nas dimensões de exaustão emocional e descrença foram observados, respectivamente, em 88,4% e 68,4% dos estudantes, enquanto 41,1% dos estudantes apresentaram baixa eficácia profissional. Os resultados indicaram que 28,4% dos estudantes apresentaram sinais de síndrome de burnout, com escores elevados nas dimensões de exaustão emocional e descrença e, simultaneamente, baixa eficácia profissional. A análise do burnout escolar revelou que o subdomínio “descrença” teve um efeito positivo significativo (β = 0,749), enquanto a eficácia apresentou efeito negativo (β = -0,369) com valor-p = 0,012. Em relação à empatia, 1% dos estudantes foram classificados como pouco empáticos, sendo os demais estudantes classificados como moderadamente empáticos (72%) ou empáticos (27%). Escores altos nas dimensões de tomada de perspectiva, flexibilidade interpessoal, altruísmo e sensibilidade afetiva foram observados, respectivamente, em 66,3%; 18,9%; 33,7% e 75,8% dos estudantes.
Todavia, o escore total do efeito da empatia sobre o burnout não foi estatisticamente significativo. Quanto ao suporte familiar, observou-se baixa ou média-baixa percepção nos subdomínios suporte afetivo consistente (77,9%), adaptação familiar (71,6%) e autonomia (71,6%). No ambiente escolar, a maioria dos estudantes relatou apresentar satisfação alta e mediana com os professores (91,6%) e com os colegas (73,2%). A variável sexo não apresentou diferenças significativas na prevalência de burnout análise utilizando o modelo de equações estruturais indicou que o suporte familiar exerceu um efeito significativamente negativo e moderado sobre o burnout (β = 0,63; p < 0,0001). Os alunos do terceiro ano apresentaram níveis significativamente mais elevados de cortisol que foi associado a níveis mais elevados do subdomínio de exaustão do burnout. Os principais resultados destacam a importância crucial do apoio familiar para o bem-estar escolar, além de revelar que níveis mais elevados de cortisol estão associados ao burnout no último ano do curso. Esses achados denotam a necessidade de intervenções voltadas a pais e alunos, com o objetivo de mitigar o burnout e promover o bem-estar, contribuindo para a permanência dos estudantes no ambiente escolar.