Verdadeiro ou Falso: auto-mise-en-scène e autoficção em Olmo e a Gaivota
auto ficção, auto-mise-en-scène, documentário em primeira pessoa, virtualização, Olmo e a gaivota
A pesquisa propõe uma análise da enunciação no documentário Olmo e a Gaivota (2014), co-dirigido pelas diretoras Petra Costa e Lea Glob, visando, principalmente, seu posicionamento ético, tanto na maneira de se dirigir ao espectador, quanto na relação que as cineastas estabelecem com os personagens. Lançaremos, o olhar para a história do documentário, visando possíveis modos de enunciação e sua transformação desde o documentário clássico até o documentário contemporâneo - considerando, especialmente, os sentidos que emergem a partir da década de 1960 com o surgimento de estéticas e aspectos teóricos que apresentam rupturas em relação às estruturas linguística e conceitual até então dominantes. A enunciação no cinema inicia no momento de constituição do corpo fílmico indo até o momento da sua destinação. Assim, no que concerne ao processo de produção da obra, tendo em vista a mise-en-scène enquanto elemento estrutural da narrativa documentária, a análise mobiliza, principalmente, os conceitos de auto-mise-en-scène e risco do real por Comollii (2008), e virtualização em Rezende (2013). A noção de personagem auto ficção, de Segundo (2016), nos serve à análise da relação direção/personagem. E, no que concerne ao estilo, à ética e à destinação do filme, observaremos a maneira a qual este se posiciona de maneira modesta, suscitando questões relacionadas ao documentário em primeira pessoa.