Governamentalidade e o lado de fora, uma arqueogenealogia da feminae oeconomicus no Brasil
Feminae oeconomicus; Empresária de si; Discurso; Neoliberalismo; Vigilância
Michel Foucault (2022) encontra na racionalidade neoliberal uma nova subjetividade governada por lógicas de mercado: um eu-empresa, um homo oeconomicus. Em uma rejeição dos universais, é possível perceber a instância da sua concepção na atualidade, mas também em seu recorte de gênero, a qual nomeamos feminae oeconomicus, uma empresária de si. Nesse sentido, busca-se analisar a formação da subjetividade da feminae oeconomicus, a partir de uma arqueogenealogia foucaultiana, para uma ontologia do presente. Em um diálogo à trois entre Michel Foucault (2008, 2013, 2019, 2022), Gilles Deleuze (2005, 2008) e Jean-Jacques Courtine (2021), compreendendo o enunciado em sua condição semiológica, investigamos a construção da subjetividade da feminae oeconomicus em uma análise do neoliberalismo (DARDOT, LAVAL, 2016), questionando a mística feminina (FRIEDAN, 2020) e instituindo uma defesa de Eva (RAGO, 2019). Dividido em três etapas, o estudo interpõe a prática analítica aos pressupostos teórico-metodológicos, analisando os discursos de cada época, em suas formas de dizibilidade, de conservação e memória, de reativação e apropriação (FOUCAULT, 2013). Nesse percurso, encontramos um corpo banido, liberto e máquina, engendrado pelos desígnios do capital.