O ESPALHAMENTO DO LAR POR MEIO DAS MÍDIAS:
COMUNICAÇÃO COMO PRINCÍPIO DAS NOVAS FORMAS DE HABITAR O MUNDO CONTEMPORÂNEO
lar; habitar; mídia e cidade; mundo da vida
Tendo como pontos de partida o ecossistema midiático contemporâneo e a midiatização do mundo da vida, este trabalho realiza uma investigação teórica sobre o lar, compreendendo-o como uma experiência simbólica e ambiental. As propostas teóricas de Ecologia da Mídia, onde esta se comporta ora como ambiente, ora como espaço com dinâmicas complexas; e de Midiatização, identificada como um processo de atravessamentos entre o cotidiano e as mídias; nos permitiu visualizar mudanças na produção do lar e seu espalhamento para além dos domínios dos espaços domésticos. Assim, o sentido de habitar proposto por Martin Heidegger (2006) se encontra aqui com as produções do espaço (LEFEBVRE, 2013) e do cotidiano (CERTEAU, 2012), com a subjetividade dos espaços da casa (BACHELARD, 2008), as relações entre corpo, cidade e mídia (FLUSSER, 2002; SENNETT, 2003; DI FELICE, 2009), nomadismo (MAFFESOLI, 2001), midiatização (HJARVARD, 2008) e ecologia dos meios (MCLUHAN, 2003; SCOLARI, 2015). Reconhecendo o lar, bem como o seu espalhamento sobre o território, como uma experiência intersubjetiva, nos ancoramos a fenomenologia social de Alfred Schutz (1979) a fim de compreender os processos que envolvem o sujeito e sua colaboração no desenvolvimento de um espaço identitário, com dinâmica sistêmica e desterritorializado. Este espaço, que é o lar, não demanda lugar delimitado com oportunidades reduzidas de acesso, tampouco que seus moradores tenham consciência se e quando constituem um lar, dado que habitar é sua condição de existência e que as mídias promovem novas formas de sensibilidade.