NARRATIVAS DA (RE)EXISTÊNCIA: UM ESTUDO SOBRE A VIOLÊNCIA DE GÊNERO CONTRA JORNALISTAS NAS REDAÇÕES DE NATAL (RN
Estudos da Mídia; Mulheres jornalistas; Histórias de vida; Violência de gênero; Narrativas da (re)existência
Este estudo se debruça sobre as formas de violência que as jornalistas natalenses vivenciam no exercício da profissão. Gênero, raça e classe podem ser determinantes para a sobrevivência pessoal e profissional das jornalistas, e para a obtenção de postos de trabalho melhor remunerados. Seus corpos, narrativas e existências estiveram e/ou continuam em constante risco. Vistas como o “Outro” (BEAUVOIR, 1980), ou seja, um sujeito estranho e indiferente, as mulheres precisam continuar lutando por espaço na sociedade. Na atividade profissional, essas violências não se fazem diferentes. No jornalismo, o papel das mulheres, desde sua chegada às redações, foi de caráter secundário, reforçando crenças de que o cuidado era um dever feminino (BUITONI, 1990). No entanto, mesmo com o passar das décadas, ser mulher em uma redação é um risco à vida e à saúde psicológica das jornalistas, como constatam pesquisas da Federação Nacional dos Jornalistas (2020), Agência Gênero e Número (2017) e Repórteres Sem Fronteiras (2021). Para entender como a violência cruza a vida dessas jornalistas natalenses, utilizamos os estudos feministas e do feminismo interseccional, a partir de Saffioti (2015), Davis (2016), Akotirene (2018) e Hooks (2019), bem como acessamos produções que discutem a divisão sexual do trabalho e como tal fenômeno tem interface com as rotinas produtivas no jornalismo. E para responder às perguntas norteadoras do estudo, utilizamos o método das histórias de vida (MARTINEZ, 2015), por compreender o sensível, humano, afetivo e por possibilitar que narrativas antes silenciadas sejam ouvidas. Como resultados preliminares, observamos a ausência de políticas de gênero nos ambientes de trabalho e os tipos de violência que as jornalistas têm vivenciado no exercício da profissão, bem como o impacto do fenômeno nas carreiras das jornalistas e suas dificuldades, por exemplo, em equacionar atividades domésticas com atividades profissionais. Audre Lord (2020) afirma que quebrar os silêncios e entender os sentimentos é possibilitar que sejamos campos férteis de ideias. Dessa forma, chamamos de narrativas da (re)existência o processo em que as mulheres transformaram as situações de violência sofridas em ferramentas para continuar resistindo e combater o machismo, o racismo e o patriarcado dentro dos ambientes de trabalho, núcleos familiares e na sociedade de forma geral.