CIBERFEMINISMO E A (IN)VISIBILIDADE DA MULHER NEGRA YOUTUBER
cultura participativa; youtube; ciberfeminismo; mulheres negras; interseccionalidade.
Dentro do contexto da comunicação contemporânea e da facilidade em produzir e consumir conteúdo dentro do ciberespaço é possível verificar que determinados sujeitos ainda enfrentam dificuldades em alcançar visibilidade. Esse é o caso das mulheres negras youtubers, que mesmo se apropriando do ambiente digital para construir uma rede de conversas e emancipação para outras mulheres, através da discussão do empoderamento (BERTH, 2018; FREIRE, 1979) e feminismo (RIBEIRO, 2017, 2018; DAVIS, 2003) ainda estão numa posição inferior quando visualizamos os dados de alcance midiático. Discutindo sob o viés interseccional (COLLINS, 2015, 2016; CRENSHAW, 2004; AKOTIRENE, 2018; CARNEIRO, 2003, 2005, 2018; GOMES, 2003; HOOKS, 2010, 2019) e do YouTube no contexto da cultura participativa (JENKINS, FORD E GREEN, 2014; BURGESS, GREEN, 2009, observamos os canais Afros e afins, Alexandrismos, De Pretas, Ellora Haonne, JoutJout Prazer e Rayza Nicácio e expomos através de um estudo descritivo as aproximações e distanciamentos a partir das categorias de alcance, interação e temática. Na problemática da pesquisa nos questionávamos se a diferença de visibilidade era um dos modos do racismo na contemporaneidade. Concluímos que as mulheres negras youtubers interagem de forma mais significativa que as youtubers não negras, mas esse fato não interfere na visibilidade de seus canais, pois os dados de alcance dos vídeos das youtubers negras são inferiores as das youtubers não negras. A universalização do “ser mulher” foi identificada nas falas das youtubers não negras, devido a isso seus alcances acabam por ser mais expressivos. Enquanto isso, mesmo que as falas das youtubers negras possam atingir todas as mulheres, elas são entendidas apenas a partir da questão racial e não de gênero.