DA RECONCILIAÇÃO ENTRE CASA E NATUREZA: A EMERGÊNCIA DE MORAR PELA MÍDIA
Das várias consequências do pensamento antropocêntrico, a perda da autonomia da natureza foi uma delas, resultando na criação de um espaço onde o ser humano pudesse ser dominante. Esse espaço é a casa, que antes se encontrava integrada ao seu entorno. Porém, ao longo do tempo, este espaço se enrijeceu e se destacou da natureza. Este trabalho se debruça sobre o surgimento de uma nova natureza autônoma, propiciada pela eletricidade, pelas novas tecnologias e por uma cultura técnico-informacional, que tem permitido à casa um retorno à natureza, agora artificial. Como substância teórico-conceitual, nos apropriamos da teoria Ecologia da Mídia, que tem Marshall McLuhan como seu principal pensador. Seguindo para um estudo de caso, onde analisamos a série de TV Downton Abbey (2010) e o livro Lady Almina e a Verdadeira Downton Abbey: O Legado Perdido do Castelo de Highclere (2012). Ambas fontes formam um corpus empírico que se justapõe a outro objeto: a experiência de Leonie Müller, uma estudante alemã que desde 2015 mora nos trens de seu país. Dentro do estudo de caso, adotamos a adequação ao padrão tomando como categoria a proposta tríade de habitares, de Massimo Di Felice, empático, exotópico e atópico (2009). Em associação a essa análise, os conceitos de contemporâneo, de Agamben (2009) e heterotopia, de Foucault (2013), complementam as ferramentas de compreensão dos objetos.
ecologia da mídia; casa; tecnologias da informação e comunicação; ambiência midiática.