Avaliando a influência da diversidade na disponibilidade de flores e frutos em comunidades arbóreas restauradas.
biodiversidade; recursos florais; fenologia; floração; frutificação; restauração; comunidades.
O primeiro capítulo testa se a diversidade de plantas arbóreas das comunidades restauradas e seu potencial de facilitação influenciam o número de indivíduos reprodutivos nos primeiros sete anos de restauração, com o intuito de responder às seguintes questões: I - Quantos indivíduos e de quais espécies vegetais das comunidades restauradas, conseguiram reproduzir gerando recursos para o forrageamento de diferentes espécies animais? II - Se há um efeito da diversidadee/ou da facilitaçãosobre a presença ou ausência de padrões de floração e frutificação. Todos os indivíduos plantados foram monitorados uma vez por ano na estação seca nos anos de 2017, 2018, 2019, 2022 e 2023, sendo que durante a pandemia 2020 e 2021 não houve coleta de dados. Para testar se a diversidade de espécies plantadas (X1 categórico) e a capacidade de Facilitação da comunidade arbórea plantada (variável X2 contínua, covariante) influenciaram significativamente o número de indivíduos florindo (Y1) e o número de indivíduos frutificando (Y2) foram realizadas duas Análises de Covariância. As análises foram desenvolvidas no Software R Studio, utilizando os pacotes: effects, tidyverse, RColorBrewer e ggplot2. Como resultados tivemos que a diversidade de árvores plantadas não influenciou o número de indivíduos florindo. No entanto, obtivemos um efeito positivo da facilitação sobre o número de indivíduos florindo entre os anos de 2016 a 2023. No entanto, a diversidade e a facilitação não influenciaram significativamente o número de indivíduos frutificando. A diferença de produção entre floração e frutificação pode ter ocorrido devido à baixa pluviosidade que pode causar o aborto de muitas flores, bem como, a abscisão de frutos, sendo que estes podem ser produzidos em menor quantidade quando sob grande estresse hídrico. Foi observado também, durante a coleta de dados, a presença de muitos insetos se alimentando de flores e botões. Sendo o principal predador, o Stiphra robusta, o Mané-magro, o que pode também reduzir o número de frutos disponíveis para contagem. Conclui-se desse modo, que a facilitação é um importante mecanismo agindo sobre a capacidade reprodutiva de espécies da Caatinga, tendo em vista que árvores facilitadoras podem melhorar as condições climáticas e aumentar a quantidade de recursos disponibilizados para as espécies vizinhas florirem. Foram também observadas constantes visitas de diversos polinizadores às flores de diferentes espécies mostrando que esses recursos florais podem atrair polinizadores para a área restaurada. Este trabalho contribui de maneira substancial para revelar a importância de se programar modelos de restauração com a presença de espécies enfermeiras ou facilitadoras, tendo em vista o seu grande potencial de aumentar a capacidade reprodutiva de espécies vizinhas.No segundo capítulo, realizou-se a coleta de dados das fases fenológicas da Piptadenia retusa, popularmente conhecida como Jurema-branca, nas parcelas com diferentes níveis de diversidade em que esta espécie se encontrava presente no Experimento BrazilDry. Foi também realizada a quantificação e caracterização dessa produção mensal em: botões, flores e frutos maduros e imaturos. O objetivo principal do estudo foi avaliar se a diversidade de espécies que compõem as comunidades restauradas afetaria as fenofases da espécie Piptadenia retusa, bem como a quantidade de frutos e flores produzidas por elas. Dessa forma se pretende testar se há de fato a influência de mecanismos de facilitação e influência da riqueza de espécies que compõem as comunidades sobre a produção de estruturas reprodutivas desta espécie. Como objetivos específicos de: I - Testar se há sazonalidade e sincronização na produção de flores e frutos pela espécie Piptadenia retusa, e quais são os meses de produção desses recursos alimentares para a fauna; II - Testar se a diversidade de espécies e o nível de facilitação das comunidades arbóreas restauradas influenciam a abundância e disponibilidade de flores e frutos da Piptadenia retusa. Sob as hipóteses de que : I - Existe sazonalidade e sincronização na produção de flores e frutos da espécie Piptadenia retusa em relação aos diferentes níveis de diversidade que compõem as comunidades restauradas. II - Parcelas mais diversas e/ou com mais facilitadoras terão maior abundância e disponibilidade de flores e frutos da Piptadenia retusa ao longo do ano. Com isso, coletou-se dados de quantidade de botões, flores, frutos maduros e imaturos, bem como, a caracterização das fenofases propostas por Fournier (1974). Para testar se há sazonalidade na produção de recursos alimentícios na espécie P. retusa e quais são os períodos de cada tipo de recurso foram utilizadas ANOVAs de Medidas Repetidas utilizando a contabilização mensal das flores (Y1) e frutos (Y2) nas comunidades de diferente nível de diversidade (X1), e de diferentes níveis de Facilitação (X2). A partir do teste da variável meses fica possível verificar se existe maior durabilidade ou disponibilidade de alimento em diferentes épocas do ano, testando se existem comunidades com picos de oferta de alimento em períodos distintos. As análises foram realizadas no Software, R Studio. Como hipótese temos que uma maior diversidade de espécies arbóreas e uma maior intensidade de facilitação acarretaria em um melhor aproveitamento dos recursos de solo e luz disponíveis para o crescimento e performance das plantas, aumentando assim a quantidade e o período de tempo em que flores e frutos são providos por P. retusa. Os resultados demonstram que o aumento da diversidade aumentou a quantidade de flores e frutos produzidos, porém a facilitação não alterou este padrão. Concluímos que a diversidade de árvores plantadas é um fator chave para o aumento de recursos reprodutivos produzidos em comunidades de plantas utilizadas na restauração. Esses recursos serão úteis para o futuro recrutamento de plantas jovens e como recurso alimentar para a fauna.