DINÂMICA DO PICOPLANKTON NA COSTA OESTE DO ATLÂNTICO EQUATORIA
Picoplâncton, metabolismo microbiano, águas costeiras, Atlântico equatorial.
A maior parte da biomassa oceânica é microbiana, e os microrganismos picoplanctônicos, que consistem de pequenas células (<3 µm), são atores centrais no ciclo global de nutrientes e da produção de C. Bactérias heterotróficas, cianobactérias (eg Synechococcus) e picoeucariotos autotróficos compreendem o picoplâncton e comumente dominam a abundância microbiana e a produção de biomassa em águas oligotróficas em oceanos de baixa latitude. Assim, avaliar a dinâmica temporal desses organismos é crucial para entender os estoques e fluxos microbianos nas regiões equatoriais. Neste trabalho, foram realizadas amostragens mensais entre 2013-2016 no Observatório Microbiano do Atlântico Equatorial (EAMO) situado no litoral do estado do RN - Brasil, para avaliar variações na abundância, biomassa e atividade (produção bacteriana e respiração) da assembléia de picoplâncton; e identificar os fatores ambientais que podem regulá-lo em um cenário de maior estabilidade ambiental, onde a chuva marca sazonalidade. Nossos resultados revelaram que a sazonalidade expressou uma fraca influência na assembléia do picoplâncton, considerando abundância, biomassa e atividade metabólica, com exceção de Synechococcus, que atingiu picos de abundância durante as estações secas. As bactérias heterotróficas dominaram o picoplâncton durante todo o período do estudo e apresentaram maior abundância nos meses de julho, assim como picoeucariotos. A influência interanual relacionada ao evento El Niño (ENSO) em 2015 também foi evidenciada para a assembléia total de picoplâncton. O picoplâncton autotrófico (Synechococcus and picoeukaryotes) contribuiu em média com 30% da biomassa total do picoplâncton (em contraste com a fração heterotrófica) e com 58% do total de clorofila a. Entre os fatores ambientais, a salinidade mostrou ser a variável que melhor explicou a abundância do picoplâncton, com maiores abundâncias sendo registradas nos períodos de águas menos salinas. No entanto, as relações ambientais fracas encontradas podem sugerir uma maior importância das interações biológicas (como competição e/ou predação), levando a flutuações do picoplâncton ao longo do ano.