ESPACIALIDADES DOS IDOSOS NO CINEMA BRASILEIRO: DA EXCLUSÃO À LUTA POR REPRESENTATIVIDADE (1997-2020)
Palavras-chaves: Idoso, Espaço Cultural, Representatividade.
Este trabalho tem por objetivo compreender as mudanças e agenciamentos dos espaços e territorialidades ocupados pelos idosos nas obras cinematográficas brasileiras entre 1997 e 2020, tomando por base os seguintes filmes: Central do Brasil (1998), Copacabana (2001), Madame Satã (2002), As três Marias (2002), Casa de Areia (2005), O ano em que meus pais saíram de férias (2006), Santiago (2007), Chega de Saudade (2008), Meu amigo Claudia (2009), Histórias que só existem quando lembradas (2012), Doce de Mãe (2012), Aquarius (2016), Divinas Divas (2016), Greta (2019), Bacurau (2019) dentre outros. Nossas perguntas bases são: quais as transformações dos idosos e das idosas e nas suas espacialidades no cinema brasileiro contemporâneo entre 1997 e 2020 e como tais mudanças se situam em relação à tradição cinematográfica nacional? Como tais deslocamentos dialogam com as demandas recentes que reinventaram o idoso como sujeito no Brasil na passagem do século XX para o XXI? Para a realização desse intento, foi necessário a realização de uma história da velhice dentro do contexto cinematográfico a partir da tradição do cinema brasileiro que remete aos anos 1960. Essa figura historicamente construída tem sido atravessada por todas as hierarquias sociais, a partir das quais o cinema se apropriou. Neste sentido, é realçado por nossa pesquisa os papéis identitários usuais e inusuais exercidos pelos idosos (idosas, idosos pertencentes a classes desfavorecidas, idosos privilegiados e pertencentes a classes abastadas, idosos LGBTQIAP+, idosos negros) observando uma dialética entre exclusão e representatividade no século XXI. Para tanto, a pesquisa parte do levantamento documental com a utilização de diversas fontes: os filmes, o conjunto de material não fílmico como revistas especializadas, entrevistas ou textos que tiveram impacto na imprensa, livros voltados para o campo da História, Geriatria e Cinema. Dentro dessa perspectiva e de um quadro de análise das estruturas da película, realiza-se as análises qualitativas e fílmicas. A análise fílmica envolve também a interpretação iconográfica para avaliarmos as transformações sociais dos espaços e papéis atribuídos aos idosos, utilizando-se da aquisição geral de imagens no cinema como fontes pelo historiador.