CERA DE CARNAÚBA E A BIOECONOMIA DA CAATINGA: PANORAMA E POTENCIAL DA CADEIA DE VALOR
desenvolvimento regional; bioeconomia, caatinga; sustentabilidade; cera de carnaúba; Nordeste.
A questão ambiental emerge como uma discussão importante e que deve ser considerada no contexto das análises de desenvolvimento econômico a partir da segunda metade do século XX. Do século XXI em diante, toda e qualquer discussão sobre desenvolvimento e crescimento econômico não pode mais desconsiderar as mudanças climáticas enquanto variáveis determinantes para a formulação de políticas públicas. O propósito deste trabalho é investigar a dinâmica econômica e social nordestina ao longo do século XX e analisar se a cera de carnaúba, um insumo nativo da região considerado como passível de exploração ambientalmente sustentável e economicamente viável, de acordo com os estudos recentes no campo da bioeconomia, está, de fato, fazendo jus a esse potencial. Tal verificação será delimitada no estado do Rio Grande do Norte, o qual será analisado no recorte temporal entre os anos de 1997 e 2023. Os estudos sobre desenvolvimento regional demonstram que muito da referida realidade socioeconômica do Nordeste — e mais ainda do perímetro que compreende o semiárido — se deve a uma combinação de sua formação histórica, política e social com uma crônica falta de planejamento e a uma ausência institucional de valorização das potencialidades locais na formulação de políticas públicas. Desse modo, procurou-se entender se essa característica geral atinge particularmente o setor da cera de carnaúba. Quanto à bioeconomia em si, tem-se que, embora sua conceituação permaneça ainda fluida nos dias atuais, existem três grandes correntes de pensamento que se debruçam sobre as questões econômicas e ambientais — biotecnologia, biorrecursos e bioecologia. Cada uma dessas vertentes possui características particulares e embasam suas teorias em fundações diversas, em termos científicos. A revisão de literatura e a análise descritiva da cadeia de valor da cera de carnaúba, a partir da coleta e análise de dados secundários disponibilizados pelo IBGE, apontam que existe uma lacuna a ser explorada no setor, ou seja, investimentos na área podem configurar potencial ferramenta de mudança do cenário historicamente desfavorável enfrentado pelo sertão nordestino e potiguar e sua população, tanto em termos econômicos como sociais, já que a aplicação da bioeconomia no bioma caatinga surge como alternativa ambientalmente sustentável e economicamente viável para o desenvolvimento local e regional.