Adesão ao tratamento de pessoas com úlceras venosas atendidas na atenção primária à saúde
Úlcera Varicosa; Adesão do Paciente; Atenção Primária à Saúde; Enfermagem.
A úlcera venosa (UV) é uma lesão cutânea associada à insuficiência venosa crônica, sendo esta a principal causa de úlcera de membros inferiores. O tratamento da UV pode levar anos até atingir a cicatrização, sendo a adesão terapêutica um dos fatores responsáveis pela redução significativa do tempo de cicatrização, além de prolongar o período de recidiva e melhorar a qualidade de vida. Entretanto, a adesão terapêutica ainda é um grande problema entre as pessoas com lesão, pois o tratamento é longo, dispendioso e demanda alterações no estilo de vida. Frente ao exposto, este estudo tem como objetivo verificar a adesão ao tratamento de pessoas com úlceras venosas atendidas na atenção primária à saúde e sua associação com as características sociodemográficas, de saúde e assistenciais. Trata-se de um estudo analítico, transversal com abordagem quantitativa de tratamento e análise de dados. O estudo teve como cenário 13 Unidades de Saúde da Família e 02 Unidades Mistas da cidade de Natal. A população alvo foi composta por 44 pessoas com UV indicadas pelas equipes da ESF durante o período da coleta de dados. Foram utilizados dois instrumentos: um protocolo assistencial do qual foram utilizados os 27 itens que caracterizam os aspectos sóciodemográficos, de saúde e da assistência e a Escala Multidimensional de Adesão Terapêutica composta por três dimensões: estilo de vida saudável, terapia compressiva e vigilância neurovascular. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), CAAE:07556312.0.0000.5537. Os dados referentes à caracterização sóciodemográfica demonstram que, dentre o total de 44 pesquisados, houve predominância do sexo feminino (65,9%), faixa etária a partir de 60 anos (59,1%) e renda de até 1 salário mínimo (81,8%). Com relação à caracterização de saúde, a análise dos dados evidenciou que predominaram as pessoas com doenças crônicas associadas (63,6%), que afirmaram sono maior que 6 horas (81,8%), que negaram etilismo (86,4%) e tabagismo (77,3%), com dor presente (81,8%) e número de recidivas maior ou igual a 1 (77,3%). Relativamente à adesão terapêutica foi possível verificar que é na dimensão terapia compressiva em que há pior adesão (Média 4,81 DP: 0,49). A associação das três dimensões de adesão terapêutica com as características sociodemográficas e de saúde não apresentou significância estatística, no entanto destaca-se que as variáveis escolaridade (ensino médio e superior) e dor ausente apresentaram melhores médias nas três dimensões indicando melhor adesão. Quando analisadas as médias das dimensões da adesão terapêutica com as características da assistência observou-se significância estatística entre: adesão à terapia compressiva e orientação para uso de terapia compressiva (p-valor = 0,002) e orientação para exercícios regulares (p-valor = 0,026). A partir da análise dos dados conclui-se que entre as pessoas com úlcera venosa a pior adesão refere-se à dimensão terapia compressiva. Além disso, não foi constatada significância estatística na associação entre a adesão ao tratamento e as características sociodemográficas e de saúde.