Gestão do cuidado transicional aos usuários com feridas de difícil cicatrização a partir da alta hospitalar.
Ferimentos e Lesões. Cuidado Transicional. Continuidade da Assistência ao Paciente. Gestão em Saúde. Enfermeiras e Enfermeiros.
Os usuários com feridas de difícil cicatrização compreendem aqueles com feridas que não cicatrizaram 40-50% de sua extensão, após quatro semanas de análise e intervenção clínica adequadas. Essa situação de saúde está
relacionada a fatores biológicos, clínicos, não clínicos e de entrega do serviço, ademais, requer a utilização de múltiplos serviços e níveis de complexidade da rede de atenção à saúde. Destarte, para reduzir os impactos deste problema na saúde pública, torna-se indispensável o Cuidado Transicional, uma modalidade assistencial que busca melhorar os resultados associados usuário, seus familiares, cuidadores e sistemas de saúde durante a transferência entre diferentes unidades, serviços e níveis assistenciais. Assim, o presente estudo teve como objetivo analisar gestão do Cuidado Transicional aos usuários com feridas de difícil cicatrização na rede de atenção à saúde a partir da alta hospitalar. Trata-se de um estudo de caso único integrado e de natureza qualitativa e possui como unidade de análise a rede de atenção à saúde do município de Natal, Rio Grande do Norte, e foi conduzido de acordo com as orientações de Yin (2015), foram utilizadas como fontes de evidências as entrevistas semiestruturadas a usuários com feridas de difícil cicatrização que tiveram alta hospitalar; às enfermeiras e trabalhadoras (es) que atuam na gestão ou assistência dos serviços que compõe a rede de atenção à saúde do município de análise; e uma revisão de escopo sobre a gestão do cuidado transicional ao usuário com feridas. Os dados obtidos foram analisados a partir do método da análise de conteúdo proposto por Bardin (2016) e mediante o referencial filosófico da Teoria da Ação Comunicativa, de Jurgen Habemas, com suporte do software ATLAS TI®. Os resultados foram apresentados em textos, figuras, tabelas, quadros, além do gráfico produzido no software e organizados no relatório do estudo de caso. Os resultados preliminares do presente estudo indicam que a transição do cuidado ao usuário com ferida de difícil cicatrização se inicia desde o internamento hospitalar, com a participação da equipe multiprofissional, do usuário e cuidadores. Apesar de observados pilares necessários ao cuidado transicional, elementos como comunicação e articulação dos membros da equipe multiprofissional demonstram-se frágeis. Estas problemáticas estendem-se aos demais serviços da rede de atenção da saúde, o que interfere na continuidade do cuidado a estes usuários e sua recuperação pós-alta hospitalar. Outrossim, fragilidades na rede de atenção à saúde e elementos relacionados a condição social dos usuários também se destacaram como nós críticos para o cuidado transicional. Em todos os serviços de saúde que participaram do estudo ficou evidenciada a participação do enfermeiro como profissional ativo na gestão do processo estudado. Na revisão de escopo identificaram-se estratégias para gestão do Cuidado Transicional baseadas no uso de tecnologias e ajustes em processos de trabalho direcionados a melhoria deste processo em serviços de saúde. Nestas situações foi prevalente o protagonismo do enfermeiro na gestão do Cuidado Transicional.