EXPLORANDO FATORES ASSOCIADOS ÀS QUEDAS E AO RISCO DE
QUEDAS: UMA ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA COM IDOSOS DO
ESTUDO PRO-EVA.
Envelhecimento, Quedas, Risco de quedas.
INTRODUÇÃO: No contexto do envelhecimento populacional, as quedas
e suas consequências emergem como um importante problema de
saúde pública. Diversos fatores podem contribuir para a ocorrência de
quedas, e a avaliação sistemática destes fatores na Atenção Primária à
Saúde (APS) é fundamental para a prevenção de quedas e para o
planejamento de cuidados para o público idoso. Embora já existam na
literatura estudos abordando os fatores de risco para quedas, ainda são
escassos estudos mais abrangentes, que demonstrem uma comparação
entre os fatores associados às quedas e ao risco de quedas,
considerando a interação e a convergência entre múltiplas variáveis.
OBJETIVO: Investigar os fatores associados às quedas e ao risco de
quedas em idosos participantes do Estudo Pro-Eva, utilizando uma
abordagem de análise de convergência para comparar e identificar
padrões de variáveis que estão associadas a cada um ou a ambos os
desfechos. MÉTODO: estudo observacional analítico, de caráter
transversal, em que foram avaliados 1.164 idosos com idade acima de
60 anos, de ambos os sexos e residentes no município de
Parnamirim/RN, Brasil. Os dados foram coletados por meio de um
protocolo padronizado contendo perguntas a respeito das variáveis
sociodemográficas, condições de saúde e polifarmácia, estado
emocional e cognitivo, hábitos de vida, perímetro da panturrilha, e
ocorrência de quedas (presentes na caderneta de saúde da pessoa
idosa – CSPI). O risco de quedas foi avaliado através da Ferramenta
FRRISque. Além dessas variáveis, também foi avaliado o desempenho
físico, através do Short Physical Performance Battery (SPPB); a
sarcopenia, de acordo com os critérios diagnósticos do EWGSOP2
atualizado e a fragilidade, de acordo com o Fenótipo de Fragilidade de
Fried. Quanto a análise de dados, foram utilizados os testes t-Student e
o teste de qui-quadrado. Por fim, para verificar a força dessa associação
uma análise multivariada foi realizada, através de regressão logística
binária. RESULTADOS: A amostra foi composta por 1.164 idosos com
idade média de 70,2 anos (±7,07), sendo a maioria do sexo feminino
(63,3%). No que diz respeito às informações sociodemográficas, 52,9%
relataram viver em união estável e 17,9% apresentavam alguma
deficiência. Sobre os hábitos de vida, 56,8% dos participantes não
realizavam atividade física, 58,7% eram hipertensos e 30% diabéticos.
No que se refere às quedas, 39,0% relataram ter caído pelo menos uma
vez no último ano e mais da metade (66,5%) apresentou alto risco de
queda. A proporção de quedas foi maior entre as mulheres (43,8%, p <
0,001), naqueles que não viviam em união estável (42,2%, p=0,017),
assim como naqueles que faziam uso de polifarmácia (50,5%, p<0,001).
Observou-se um alto risco de quedas entre mulheres (71,5%; p<0,001),
idosos que não viviam em união estável (70,1%; p=0,003) e aqueles com
algum tipo de deficiência (76,0%; p=0,001). CONCLUSÃO: Com base
nos resultados obtidos até o momento, verificou-se que as variáveis
associadas à ocorrência de quedas apresentaram-se mais restritas e
vinculadas a aspectos objetivos e mensuráveis, destacando-se o sexo,
a carga de fragilidade e a polifarmácia. Em contrapartida, no que se
refere ao risco de quedas, observou-se a permanência de um número
mais expressivo de variáveis no modelo. Tal achado sugere que o risco
percebido de quedas envolve uma interação mais complexa entre aspectos físicos, emocionais e experiências prévias, o que se reflete na
presença de um conjunto mais diversificado de preditores.