Rotação Estelar e Ambiente Galáctico
Rotação estelar; cinemática e dinâmica; abundâncias; vizinhança solar.
Neste trabalho, estudamos as distribuições de velocidades rotacionais, juntamente com a cinemática e abundâncias
químicas, de estrelas anãs de diferentes populações do disco, a fim de compreender a relação entre esses
observáveis e o ambiente Galáctico. A Via Láctea abriga diversas estruturas, entre elas o halo estelar, o bojo, o
disco fino e o disco espesso, cada uma habitada por estrelas com origens e processos de formação únicos,
associadas a distintas propriedades químicas e cinemáticas. No entanto, devido às interações e aos processos
dinâmicos, como a migração radial, essas populações misturam-se e, por consequência, a nossa vizinhança solar é
composta por estrelas formadas em diferentes épocas e em diferentes regiões da Galáxia. Como resultados da
presente tese, utilizando informações químicas e rotacionais, desemaranhamos as populações canônicas do disco
Galáctico e reproduzimos as principais propriedades dessas populações como enriquecimento químico, idade,
cinemática, gradientes de velocidade orbital e a razão de densidade local. Adicionalmente, também lançamos luz a
respeito da origem do momentum angular estelar e da natureza estatística da distribuição da velocidade rotacional
projetada, v sin i, das componentes do disco e demonstramos um possível acoplamento espacial da rotação estelar
com o ambiente Galáctico. Nossos resultados sugerem que as velocidades rotacionais das estrelas não são definidas
apenas por seus processos evolutivos, mas também pelos seus sítios de formação. Através de estimativas dos raios
de nascimento, encontramos que o índice entrópico q das distribuições de v sin i depende do cisalhamento da
rotação diferencial da Galáxia, revelando que a rotação estelar está intimamente ligada a eventos que se desdobram
em escalas globais. Além disso, observamos que as propriedades rotacionais de algumas estrelas estão
possivelmente associadas aos efeitos da barra Galáctica. Por fim, nossos resultados apontam que o cisalhamento
rotacional da Via Láctea aumenta em regiões mais externas do disco.