VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO UNIVERSO RURAL: implicações e particularidades da relação entre patriarcado e capitalismo
Patriarcado. Relações de Gênero. Violência contra a Mulher. Meio Rural.
A presente dissertação busca apreender a violência contra a mulher trabalhadora rural, no âmbito da sociedade patriarcal e capitalista atual. Para tal empreendimento, a pesquisa empírica foi realizada nos Assentamentos Mulunguzinho, em Mossoró, e Eldorado dos Carajás, em Macaíba, ambos no estado do Rio Grande do Norte. O objetivo central dessa incursão teórica é Analisar a violência contra a mulher, sob o prisma das categorias Gênero e Patriarcado; e suas implicações no cotidiano da vida das mulheres moradoras de Assentamentos Rurais; em conexão com os imperativos da sociedade capitalista. Desta feita, a manifestação da violência contra a mulher encontra terreno propício para seu cultivo indiscriminado e muitas vezes ideologicamente justificado pelas forças conservadoras. Nesse esforço analítico, objetivamos contribuir para além do diálogo em torno das relações de gênero no meio rural, principalmente sobre a violência contra a mulher, mas também, de forma ampla; contribuir com a reflexão acerca da construção de uma sociedade mais justa, seja no âmbito rural ou urbano, com base numa igualdade substantiva. Pretendemos ainda com esse estudo contribuir com uma maior produção de conhecimento na área do Serviço Social especificamente nos estudos sobre gênero e violência na área rural, bem como contribuir com os movimentos sociais dando visibilidade à realidade de mulheres que sofrem violência nessas áreas. Para tal incursão, de forma criteriosa, primeiramente dispensamos nossa atenção sobre o método, visto que a utilização de um determinado método representa uma implicação política que orienta nossa conduta enquanto cidadã e profissional. A partir disso, nos ancoramos na perspectiva teórico-crítica, que nos convida a buscar o conhecimento através do estudo da realidade dinâmica e inesgotável, permitindo o entendimento do objeto de estudo observando sua estrutura e dinâmica a partir de um movimento dialético, em sua densidade histórica, movimento que permite a identificação e análise das contradições, conquistas e limites do fenômeno estudado num determinado momento histórico. A partir disso, seguem-se as análises dos dados quantitativos e qualitativos obtidos na revisão da literatura, bem como na pesquisa de campo. Essas análises revelaram que a violência contra a mulher ora é identificada pelas entrevistadas ora se expressa de forma velada, escamoteando seu caráter violento e prejudicando sua identificação. Em relação aos mecanismos de proteção legal das mulheres, a Política Pública com esse objetivo é verificada de forma incipiente, uma vez que seus equipamentos, que dão concretude às ações de proteção, não são observados no meio rural em sua amplitude.