MULHERES EM MOVIMENTO: divisão sexual da política em assentamentos rurais de reforma agrária
Reforma Agrária; Relações Patriarcais de Gênero; Feminismo camponês e popular; Divisão Sexual da Política.
A pesquisa que deu estrutura a esta dissertação tem como objetivo central analisar o processo da divisão sexual da política nos Assentamentos do Alto Sertão Paraibano, a partir da participação das mulheres na luta pela terra no Brasil. Propomos o resgate histórico desde a década de 1960 e o debate contemporâneo da problemática da questão agrária brasileira e as particularidades da região nordeste; em que analisamos o processo de formação dos assentamentos no Alto Sertão Paraibano com a presença de mulheres que construíram histórias de resistências, imbuídas de teimosia, resistem em organizações coletivas defendendo a igualdade de gênero, na luta por uma terra livre. O texto ainda apresenta o debate do feminismo crítico e de esquerda do campo marxista, com o adensamento da categoria feminismo camponês e popular, que vem sendo construído a partir da realidade das mulheres camponesas. A discussão parte da análise das categorias teóricas como o patriarcado, relações patriarcais de gênero, divisão sexual do trabalho e da política, por serem fundamentais para o entendimento das divisões sócio-histórica, econômica e política das desigualdades entre os sexos. Enquanto metodologia, apresentamos um estudo baseado no método dialético, tendo como suporte a investigação, a pesquisa de campo e bibliográfica e com observação de campo, com abordagem de natureza qualitativa. A pesquisa de campo foi realizada através de entrevistas do tipo semiestruturadas, com questões abertas com 05 (cinco) mulheres assentadas que participaram de todo processo de luta do Assentamento Nova Vida I, localizado no município de Aparecida-PB, no Alto Sertão Paraibano. A pesquisa identificou que a participação política das mulheres é afetada pela sua interdição nos espaços de decisão e de poder, fruto da desigual divisão sexual da política que continua a fortalecer o confinamento de mulheres no espaço doméstico. A pesquisa ainda apresenta como desafio pensar a organização política das mulheres camponesas a partir do princípio da auto-organização em movimentos autônomos, como forma de enfrentamento a sujeição provocada pelas organizações mistas como sub-representações e funções direcionadas pelo sexo.