CRÍTICA À CONCEPÇÃO DE EMPODERAMENTO E AS IMPLICAÇÕES NAS LUTAS FEMINISTAS NO CONTEXTO NEOLIBERAL
Empoderamento; Feminismo negro; Consciência de classe e Neoliberalismo
Esta dissertação se insere na área de concentração: Sociabilidade, Serviço Social e Política Social, e na linha de pesquisa: Ética, Gênero, Cultura e Diversidade. Analisamos a concepção de empoderamento e suas inflexões sobre o feminismo no contexto neoliberal. Partimos do estudo dos fundamentos teórico-políticos da noção de empoderamento e suas diferenças e implicações em relação ao complexo da consciência de classe, e problematizamos a perspectiva de empoderamento feminino a partir da forma como é proposto pelo Banco Mundial. O objeto de estudo demandou a análise dos fundamentos teóricos sobre as relações patriarcais de sexo, consubstanciais e coextensivas às relações de classe e raça/etnia. Em seguida, versamos sobre a historicidade das lutas feministas pela superação das opressões de sexo no capitalismo, cuja materialidade se expressa na divisão sexual do trabalho. Foi necessário, ainda, analisar a gênese do pensamento feminista negro, as particularidades das lutas das mulheres negras, e sua aproximação com a perspectiva de empoderamento feminino. Na sequência do processo de investigação, discutimos a origem, tendências e limitações teóricas e prático-políticas neoliberais, sua funcionalidade à manutenção da sociedade capitalista e versamos sobre o empoderamento das mulheres considerando as inflexões neoliberais que se expressam em processos de onguização e resistência dos movimentos feministas. Os principais resultados indicam que o ideário do empoderamento sob os fundamentos neoliberais ganha densidade ideológica e assume a função social de disseminar, especialmente entre as mulheres, que empoderar-se consiste em uma meta-conquista capaz de colocá-las em outro patamar de enfrentamento de suas condições desfavoráveis de vida. Isso ocorre em detrimento do significado político do processo de conquista da consciência de classe, que tende a se distanciar do cotidiano de determinados segmentos de mulheres da classe trabalhadora. As contribuições do feminismo negro são portadoras de contradições entre a possibilidade, limites e viabilidade da articulação entre empoderamento, consciência de classe e consciência militante feminista. Utilizamos como estratégias metodológicas as análises bibliográfica e documental. O estudo bibliográfico abarcou principalmente produções sobre empoderamento, neoliberalismo, neoconservadorismo, pensamento feminista negro e feminismo negro, consciência de classe e consciência militante feminista. No estudo documental analisamos as publicações do Banco Mundial sobre empoderamento e gênero disponibilizadas no site do próprio Banco observando os seguintes eixos: (1) concepção de gênero; (2) concepção de empoderamento; (3) relação entre empoderamento, neoliberalismo e classe social; e (4) relação entre empoderamento e lutas feministas. Nosso período de pesquisa compreende os anos de 1995-2020, que coincidem com o de maior objetivação do neoliberalismo no Brasil até a ascensão neoconservadora: do início do governo de Fernando Henrique Cardoso ao governo de Jair Messias Bolsonaro.